sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pausa

Pausa da minha escrita.
Quero dias diferentes por enquanto.

2000 Inove

Gostei da propaganda de um banco com esse slogan: 2000 Inove. Convite bom para o ano que se aproxima. Graças a Deus, o fim desse. Ou acabo com 2008 ou ele acaba comigo. Mas dizem que quando tá muito ruim é porque tá perto de ficar bom. Ouvi falar que 2008 foi ano "zero". Ano de renovação e de limite do que era e do que será. O próximo é ano "um" das coisas iniciadas e renovadas. Mas sabe de uma coisa? Sou grata aos furacões, que se fizeram um a um , nesses 360 dias passados. Ensinaram mais que todos os meus anos de estudo...

Inovar então, é a proposta. Viver também.

2009 é o meu.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Salão de Beleza

Hoje um casal de amigos vai se casar. Madrinha, fui arrumar os cabelos. É muito raro eu ir ao salão de belezas, mas quando vou é sempre o mesmo desde o tempo que precisava fazer coque para dançar ballet na escolinha. O cabelereiro, uma figuraça, me arrumou para a formatura de prezinho, oitava série, segundo grau e Faculdade. Também em todas as vezes que fui dama de honra de alguém ou madrinha de casamento. Adoro escutar histórias que ele conta de mim por lá. Sempre as mesmas e muito engraçadas.

Hoje revivi duas só de entrar no salão. Uma, que aos seis anos ele fez um escândalo por confundir uma pinta que tenho na cabeça com um piolho grande. Pequena, tive que acalmar os ataques da bicha; A segunda foi na minha formatura de Psicologia, que ao fazer o penteado encontrou um parafuso solto nos meus cabelos. O troço havia caído do secador e ele começou a gritar pelo salão: Gente! Gente! A Psicóloga tá perdendo os parafusos da cabeça! Sei lá se esse parafuso era mesmo do secador...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Flores azuis


Encontrei essas flores. Lindas e incomuns.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Minutos

Dormi com o desejo de que ao acordar hoje tudo seria diferente. No entanto, acordei desperta por um sonho que misturava saudade e dor. Da mesma forma que a felicidade traz momentos de muita alegria, há um sentimento que traz segundos insuportáveis que podem virar minutos, horas ou dias. Tudo estava igual , acrescentado de resquícios do sonho-pesadelo, mas há realmente uma diferença. João Pedro estava aqui e o abracei forte até dormir em meus braços. E o que podia durar horas, durou minutos apenas.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Eu e ela frente a frente

Queria vê-la de toda forma. O resto não importava, porque o desejo de encontrá-la causava-me excitação das idéias. Esperei tanto por isso e fui calma ao seu encontro. Não era qualquer mulher, era ela. Como estaria? Sorrindo na certa. Ela sempre sorri, como eu.

Quando cheguei, não acreditei. Sua casa na França é um dos lugares mais interessantes que já vi. Imensa, com vitrais piramidais. Passei direto em tudo que eu via e fui como uma bala em sua direção. Estava lá. Parada, rodeada de gente. Assustei com o tamanho dela, decepcionei-me um pouco. Mas ela olhou pra mim e eu pra ela. Monalisa. Gioconda de Leonardo, meu artista favorito, acima de Dali. Ela olhava pra mim onde quer que eu estivesse. Perfeição dele...

No entanto, vinte segundos me bastaram. Virei e de frente à ela uma obra maior. Linda, exuberante. Bodas de Canã! Figuras humanas em tamanho real. Monalisa era irreal no tamanho. Dei costas a ela. Vi com os meus olhos o seu sorriso meio irônico, cínico talvez. Dei costas para suas rugas e sua acomodação típica de quem tem na barriga o rei. Em frente às Bodas, fiquei quase uma hora inteira. Cada detalhe levaria muito mais horas para decifrá-lo todo. Senti uma dorzinha na coluna e sentei. Mas tive que voltar lá. E quero voltar até hoje.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Esperança

Impressionante como temos coisas dentro de nós que, se um dia desconhecidas, brotam em nossos dias, mostrando-nos o que somos, passo a passo, hora a hora.
É o divino da existência nos descobrir. Des cobrir o que em uma época tenra, distante ou próxima, o que alguém nos fez cobrir , sentir vergonha. Alguém desvalidou o que poderia ser bonito, sincero, autêntico. Descobrir é um processo que como tal, necessita de tempo, de riscos, de silencio e lentidão. Por erro, ou simplesmente tentativa, pois o mesmo que não valida, enxerga erro nas descobertas mais especiais.
Vem à memória alguém que está aprendendo a caminhar. Não tem coisa mais bonita que ver alguém aprender a caminhar. Por mais que um outro ensine, que pegue na mão, é uma conquista solitária e de muita determinação. E cai. Como cai... e talvez chore a queda mas a vontade de ficar de pé, seguir, é a grande motivadora do processo. Quem já viu a cena não esquece. O aprendiz olha pra baixo, calcula em segundos o passo seguinte, as vezes nem calcula, vai por instinto! E tem um momento que olha pro Outro como se perguntasse: Eu consigo? E sozinho, precisa, nessa fração de tempo ,de um olhar que seja desse Outro enorme que vá dizer: Tente!
E tamanha grandeza há na tentativa de dar passos a frente. Caindo, levantando, seguindo caminho inverso às vezes, andando pra trás e ,ainda assim, a possibilidade de seguir e conseguir.
Há os que não tentam nunca. Os que não suportam outra tentativa fracassada. Fracasso é não seguir. Estagnar, desistir. Por vezes o caminho consiste em recolher-se sim, mas de uma forma que possa entrar em contato com o que lá dentro te faça ter ânsia em planejar, querer, desejar novamente uma outra tentativa. É espera ânsia. Esperança. Demasiadamente des coberta do que nos jogaram sem perguntar se queríamos. Necessário claro. Não se pode negar sempre.

Mulher


Ser mulher é adentrar o mistério do dueto perfeito-complexo. A capacidade de gerir a vida é o que justifica a primeira parte. A segunda, todos conhecemos bem. É que algo nos falta por natureza e pra sempre haverá a insatisfação dessa falta que nunca é preenchida. É estrutural e constituinte da nossa personalidade feminina. Pelo mesmo motivo, queremos tanto! É que onde há falta é que nasce o desejo e se tudo foi tamponado, não há como desejar. Por tanto e tamanho mistério, somos às vezes incompreendidas...

É fato que não se muda a natureza, mas quando há disponibilidade de nos conhecermos melhor, os efeitos dela são minimizados frente ao que descobrimos. É fascinante e vale a pena.

Chuva de Natal


João Pedro confunde a chuva com a árvore de natal. Mas água não brilha! Quem disse que não? Aos olhos puros, coisas simples podem ser piscas-piscas de luz.

I Hope peace!

Há tempo que quero escrever sobre Barack Obama, o novo presidente dos Estados Unidos.

Queria dizer que a sua vitória não trata apenas de uma possibilidade de nova política americana, nem do fato de ser o primeiro negro no comando da mais poderosa nação. A vitória de Obama significa uma nova dinâmica social. O fim de cotas para negros, porque é o fim das possibilidades intelectuais sobre a cor da pele.

Não é um presidente que se faz vítima social. É um lutador, que foi atrás dos estudos, que procurou ser melhor e contribuir com a sociedade em mais de dez países em que morou com sua mãe, uma antropóloga que o ensinou a respeitar diferenças e fazer diplomacia.

As responsabilidades e expectativas que Barack Obama carrega, não encontram paralelo na história recente. Foi uma vida inteira de convivência com os problemas sociais e questões multiétnicas.

Sei que há uma esperança com isso, ainda que estejamos calejados. Ele já indicou para o seu governo Steven Chu para secretário de Energia. Uma pessoa que ganhou o nobel de física em 1997 e que é chefe do laboratório considerado líder mundial de pesquisas de fontes limpas de energia. (esqueci o nome do laboratório)

Ótimo começo não só para os EUA, mas para o mundo.

Torço para o poder não lhe subir à cabeça e para que os ensinamentos de sua mãe façam predominar suas ações éticas. Ela queria adotar uma criança refugiada antes de morrer. Ele pode adotar nações inteiras, se quiser.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Se avexe não

"Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexorávelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar A natureza das coisas"

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Fronteira



O limite entre razão e loucura há muito é motivo de indagação humana. Parece, às vezes, que essa fronteira é um traço tênue, frágil, que pode se romper com um sopro.

Fronteira fala disto. É um filme nacional, mineiro e com gente mineira na atuação. O filme não vende pela nudez banalizada e nem por ser tema da moda. Vende por poesia e reflexão acerca das próprias fronteiras de cada um de nós. " A verdade está ali, bem atrás daquela porta." Quem quer encontrá-la?

O Fronteira está no Belas Artes, em Belo Horizonte.

Relato

Ela ligou. Trêmula na voz, acelerada em sua aflição. De tempos em tempos fazia reflexão sobre sua vida e compartilhava. "Está tudo errado", ela disse. "Minha vida até aqui foi toda errada". Questionei silenciosamente o que tanto afligia, ao mesmo tempo em que tudo parecia mostrar um direcionamento tranquilo de sensatez. Falava sobre os casais: felizes, bonitos e iguais. Monótonos, cúmplices de uma falta de verdade coletiva, de segredos mudos e claros. Olhou para um lado, flash. Para o outro solidão. Minutos de lábios se movimentando sem que se ouvisse um som apenas, um mísero. Nem da voz que irritava, nem da promessa desfeita."As vezes penso que não sou daqui", continuou. E após o relato, escutava o coração dela como se pudesse mergulhar no mais profundo silêncio marinho. Só o coração dela, que ora forte gritava socorro e ora fraco pedia paz. "Dirigi a volta sem saber como". Viu-se perdida num caminho conhecido, passou todos os sinais, todos os radares. Ninguém para rastrear. Ninguém para dizer: vá ou páre. Está tudo errado sim, concordei. Até aqui viveu para os outros e os outros viveram por si. Mas de tempos em tempos, parece abrir um portal de claridez. Claridez não existe, é palavra inventada para dizer de um momento único, raro de lucidez. Antes tarde do que nunca, ressaltei. A vida pede sentido, assim como pede pausa. Não há sentido algum no que houve hoje. Não há descrição para o limite ultrapassado, escancarado, banalizado. É de intensidade que a pulsão precisa, mas não é de intensas experiências amontoadas e vazias de falta de amor próprio. Tudo até aqui, não fez sentido algum. Hora de mudar.

Agente se acostuma

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Verdade



O que escrevo não é a verdade. É a minha verdade.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lógica

Descobri há pouco tempo esse joguinho milenar. Forma de distrair, de ganhar (ou perder) tempo. É um jogo de lógica. Mania minha de querer achar lógica em tudo...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Olhar

Janela da alma, porta do desconhecido de nós. É pelo olhar que se faz o mundo, que o julga e escolhe. Às vezes não consigo olhar. Medo que enxerguem minhas fraquezas e o que me assusta. Às vezes não consigo ser olhada também. Incomoda, desconcerta, dói. O Olhar do Outro, de certa forma, nos devora. Consome algo de nós porque leva consigo a imagem que deteve. Olhar não é enxergar nem ver. É além, estranhamento de uma revolução interna que contorce os dogmas que absorvemos toda uma vida. Quando se dispõe a olhar, as coisas mudam, o foco retrai, distende, amplia e se fecha. E se abre também. E mortifica e faz reviver. Depende do que se quer ver.

Barcelona, eu quero.

Companheiras



Minhas botas são companhia frequente. Já pisaram a beira do rio Jequitinhonha, o Pico da Ibituruna, o Louvre, o mar de Veneza, a Inglaterra, a festa de 15 anos da minha prima, o Palácio das Artes e o boteco da esquina. Foi um amigo japonês que me ajudou a escolhê-las e hoje sinto muito a falta da amizade dele e das conversas estranhas sobre circuitos elétricos, relativismo cultural e mudanças compulsórias. Sinto falta imensa de sair por aí pilotando um carro esquisito no mato, de afundar na lama e de dar gargalhadas seguidas de palavrões. Enfim, que aliás é vício de linguagem dele, "existem mais coisas sobre o céu e a terra do que nossa vã filosofia" sobre as coisas. De tudo fica um pouco, de todo pouco se faz um muito e continuamos por aí. Firmes e fortes como as minhas botas que nunca se acabam.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Luta contra AIDS



Hoje é dia mundial da luta contra AIDS. Síndrome de imunodeficiência adquirida que é considerada o mal do nosso século. O dia de luta contra essa doença é todo dia, uma vez que 1400 pessoas são contaminadas por dia no mundo todo. ( No Brasil 30 pessoas por dia!)

A prevenção é o melhor remédio contra a AIDS. E o preconceito, seu pior inimigo...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pequena Coisa pro Planeta


Sustentabilidade muito me interessa. É o que escolhi para trabalhar e é o que todos deveríamos pensar. Por que? Por que somos humanos, queremos qualidade de vida e um mundo melhor pra quem vem depois de nós: Filhos, netos, sobrinhos...

Foi assim que eu e o Hugo, um amigo que mora em Goiás, decidimos criar o blog Sustentabilidade. É uma pequena coisa pra ajudar o planeta...

foto: Tatiane Cristiane Pokrywiecki

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Rio.



Para que as flores não faltem...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Solidariedade

Todos os anos, os Correios do Brasil fazem muitas crianças acreditarem que Papai Noel existe. O Projeto, que só em Minas Gerais acontece há dez anos, consiste em receber cartinhas das crianças até doze anos e disponibilizá-las a quem quiser presenteá-las no Natal. Várias empresas estão adotando a idéia e só quem já participou da entrega sabe o quanto é gratificante ver um rostinho feliz nesta data.

Mas queria contar aqui dois casos que eu presenciei e que ficarão guardados pra sempre como lição de solidariedade. Um aconteceu no meu bairro mesmo. Há dois anos levei uma cartinha à uma loja de calçados e pedi ajuda para escolher a sandália que a garotinha pediu. A dona do estabelecimento ficou sensibilizada e pediu para ver outras. Eu mostrei uma que tinha: "Papai Noel, meu grande sonho é ganhar uma caixa de sucrilhos". Então a comerciante me disse: Renata, venha aqui amanhã que lhe darei algumas coisas que eu juntar. Pois bem, no dia seguinte ela me entregou 99 pares de sapatos para todas as crianças do projeto que eu participava na época. Sapatos novos, brilhantes e coloridos. Não consigo escrever o que as crianças sentiram quando receberam, muitas pela primeira vez, um par de sapatos. Nunca pude fazer outra coisa senão agradecer a comerciante que se chama Normélia. Desejo, sinceramente, que esta pessoa receba muitas coisas boas em sua vida.

O segundo caso é de Governador Valadares, onde um garotinho internado com câncer escreveu uma cartinha dizendo que o seu desejo era um caminhão de bombeiros. Por providência divina, aquela cartinha caiu nas mãos de um bombeiro que fez mais que dar o caminhão de brinquedo. Ele foi com o caminhão de bombeiro DE VERDADE até o hospital, entrou pela janela do quarto que estava o garotinho e o levou em seu colo para dar uma volta na cidade no próprio carro dos bombeiros. Quem consegue imaginar o rostinho dessa criança?

Notícia boa não vende jornal, mas ficarão registradas aqui pra ninguém esquecer que solidariedade existe e vai existir pra sempre...

Quem quiser participar do Projeto Papai Noel dos Correios é só ir a qualquer correio da sua cidade e adotar uma cartinha. Os correios se encarregam de entregar o presente às crianças.

domingo, 23 de novembro de 2008

Cashback



Assisti esse filme que se chama Cashback. É muito bom. Fala de Ben, um cara que sofria de insônia porque havia terminado um relacionamento. Ele começou a imaginar que podia parar o mundo e as coisas e assim experimentou algo que o levou a crer em novas possibilidades de amar. Gostei muito.

Liberdade




Essas fotos foram feitas por um amigo meu, Tarcísio de Paula. Quando as vi, meu coração encheu-se de um sentimento forte de liberdade. Deu vontade de estar ali e participar com os olhos daquele momento. Sorte a nossa o Tarcísio ser sensível o suficiente para flagrar a cena e nos dar de presente algo tão bonito.
Para ver outras imagens dele clique aqui.

sábado, 22 de novembro de 2008

Dá gosto de ver

Conheci um casal que fez amolecer a carcaça que eu estava nela. É que às vezes pra ferida cicatrizar tem que deixar formar uma casca grossa, senão dói demais. O perigo é deixar endurecer de vez e antes que isso aconteça, é necessário prestar atenção nas possibilidades bonitas que existem por aí. Hugo e Thais são uma delas e me ensinaram que a cumplicidade é que faz o olhar ser de cuidado com o outro e o amor brotar. Todas as vezes que amei tive que des-amar depois, mas não é sempre que um relacionamento acaba por dificuldades encontradas, e não é sempre que tem que doer pra fazer história. Estou escrevendo para não esquecer disso.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Consciência Negra?

Disseram que hoje é feriado. Dia da consciência negra. Isso me irritou. Tem dia da consciência branca? Tem dia das mulheres e não tem dia do homem. E tem dia das crianças. Veja que todos os dias D, existem porque o alvo de comemoração é vítima da sociedade. Não quero dia das mulheres, quero que nos respeitem todos os dias e não quero dia da consciência negra, quero o chão pra esse preconceito tolo. Nunca entendi porque o dia das mulheres, por exemplo, que foi um dia que muitas delas morreram em uma fábrica é comemorado de forma estúpida com flores e presentinhos e no dia da consciência negra, grupos saem às ruas para mostrar a cultura afro aos que não estão nem aí para cultura nenhuma. O que terá acontecido no dia que marcou a consciência negra? Algum ou alguns devem ter apanhado mais que o normal ou coisa do tipo. Se quer feriado, Brasil, coloque o dia da corrupção e da sacanagem. Assim faz juz à folga que esperamos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coincidências?

Poderia citar inúmeras ocasiões coincidentes em minha vida. Daquelas cabulosas. Mas vou dizer de uma deste final de semana . Conheci um casal de Goiânia, Hugo e Thaís. Pessoas que desde o primeiro momento despertaram aquele sentimento: parece que já os conheço! Foram dois dias em um sítio e a afinidade foi grande. Quando foram embora, obviamente saberia que íamos continuar nossas conversas. Trocamos e-mail. Então lembrei que uma amiga de infância, a Helen, está morando em Goiânia e enviei um e-mail dizendo: querida, conheci um casal daí e quero apresentá-lo à você. Minutos depois conto do e-mail para o Hugo e ele diz: "Eu conheço sua amiga. Fizemos um curso juntos aqui na cidade". 1.090 mil habitantes na cidade e bingo! as duas únicas pessoas que moram em Goiânia, que eu conheço, se conhecem. Detalhe: Eu conheço Marina que foi para o Chile e conheceu o Pedro. Pedro conhece Zé (do Pará) e Hugo (do Pará também). Marina e Pedro se casam e fazem festa em BH. Na festa Zé e Hugo se reencontraram coincidentemente e eu os conheci. Hugo conhece Helen que é de BH, minha amiga, que está em Goiânia e que também já trabalhou em Santarém, cidade do Hugo, Pedro e Zé. E todos se reconhecem. Isso me faz pensar em coincidências de um jeito diferente. Dizem que o mundo é pequeno. Eu não acho. Penso que ele é grande, muito grande. No kardecismo, sobre a lei da reencarnação, aprendi que coincidências são providências e oportunidades. De fato uma oportunidade. O que aprendi com Hugo e Thaís neste final de semana foi importante demais pra mim mas isso vai ficar pra outro post.

Gosto

João Pedro está descobrindo o gosto das coisas. Quer saber de todos e experimentar tudo. No auge da fase oral, tudo é pra ser comido, engolido, descoberto. Curioso é que as coisas coloridas chamam atenção mas são as mais simples que ele quer: o saquinho de plástico, a fita de cabelo, a etiqueta do brinquedo caro, o brinco de madeira da tia dele. Ele quer o mundo em sua boca e se eu pudesse, ele ia crescer sem saber o que é o amargo da vida. Proteção tola, porque é de todo gosto que somos feitos. Muitas vezes é o amargo que ensina a valorizar o que é doce...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Frio

Gosto do frio, mas ele me faz dor. Faz com que eu escreva também porque é um quê de nostalgia, de chuva caindo na janela e gota inspirando letra. O pé fica gelado e o coração fica quente. Ponto exato de debruçar sobre o risco que traça a oportunidade da sanidade. É que se eu não escrevesse, teria ficado louca sem ter sido doida na vida. Escrever é como respirar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Balzaquianas

Ontem tive um encontro muito especial. Duas grandes amigas Ana Paula e Juliane que estão em Governador Valadares e em Rondônia, respectivamente.

Ana Paula é uma guerreira. Engenheira civil, (das melhores) trabalhou comigo no desafio chamado Irapé: Usina hidrelétrica no Vale do Jequitinhonha. Foi no trecho que nos conhecemos, na lama, nos caminhos mais complicados. Dividimos carro, quarto de hotel, comida, medos e sonhos. Despedimos e nos reencontramos novamente depois de um ano na usina de Baguari em Governador Valadares. Dividimos um prédio, cafés da manhã com muitas conversas, final de novela das oito e muitas, muitas alegrias.

Juliane, pela falta de palavras que a define é uma "coisa". Mulher dócil, humana, capaz e grande jornalista. É carioca da gema que se perdeu (ou se achou) por entre montanhas de Minas Gerais. Está láaaa em Rondônia agora e também nos conhecemos em Governador Valadares. Por algum tempo éramos eu e ela naquela cidade, naquele trabalho. Dividimos angústias, revoltas, piscina, fotografias, povoados, alegrias, decepções, sonhos e lágrimas.

Convivíamos no trabalho e nas horas de folga. Impressionante como era tudo harmônico, sem as picuinhas usuais que existem nos ambientes de trabalho com competições e mesquinharias. Nunca tive equipe como esta, nem antes e nem depois.

Pois bem, tínhamos um chefe e ele dizia: "Essa geração de 1978 é terrível!". E é mesmo. Neste ano todas nos tornamos balzaquianas. Balzaqui Ana, Balzaqui Ju e Balzaqui Rê. Cada uma num lugar, mas sempre juntas, ainda que distantes, na principal obra do ser humano: Amizade...

sábado, 8 de novembro de 2008

Olhar



Saudade dos olhares iguais a este. Simples, que dizem transparentes o que sentem, pensam e querem...

Eu


Sou pensamento brando e vulcão acelerado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O soninho do João Pedro

Eu tinha que saber congelar a imagem do João Pedro quando vai dormir. Ele deita no meu colo e abre as mãozinhas como se fosse voar. Depois fica brincando com o ar, como se ele tivesse alguma consistência. E viaja... Ver isto todos os dias é a coisa mais gostosa do mundo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Coração na mão



Resolvi sair da toca. E num entusiasmo com a vida aceitei até música sertaneja em boite. Quem diria! Mas esse universo noturno, das gandaias e afairs, definitivamente passa longe do que tenho realmente prazer. A noite me traz um vazio quando me deixo perder no que eu não sou. Senti meu coração na mão diante das lembranças de um tempo que eu era satisfeita em não ter que sair a noite pra me divertir. Chorei. Lágrima boba que não ajuda em nada, só faz doer.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Folha


"Um dia uma folha me bateu nos cílios - achei Deus de uma grande delicadeza" (Clarice Lispector)

Meu avô e o Galo

Meu avô foi à Aparecida do Norte. Espera-se que se traga presentes santos desse lugar, mas ele trouxe para minha tia um relógio grande com o símbolo do Galo, time dele do coração. As vezes eu acho mesmo que ele tem o atlético como coisa santa, mas não imaginava que era tanto assim... sem comentários.

Casamento

Com trinta anos posso dizer que tenho muita história pra contar. Muita coisa saudosa, outras tristes, outras fantásticas! Dentre tantas, uma me tirou o sono esses dias. É que uma amiga me ligou dizendo que iria se casar e queria me fazer um convite. Imaginei que seria madrinha de casamento, uma vez que deu uma epidemia de casamentos e convites para ser testemunha e tal, mas não. Minha amiga Marina vai se casar e me pediu para CE-LE-BRAR o casamento. De supetão eu ri e aceitei, mas quando vi que não era brincadeira veio "um trem" inexplicável. Como assim celebrar um casamento? E eu fiquei com essa pergunta por dias. Aceitar seria algo demais pra mim. Não aceitar seria concordar com os que me fazem discordar. O que fazer?

O casamento da Marina vai ser uma celebração para poucos amigos e familiares. Será num sítio e ela ficará com os pés no chão, junto com seu noivo, o Pedro Ivo. Os dois acreditam que uma cerimônia pra ser especial tem que ser íntima, simples.

Foi pensando na simplicidade então, enquanto virtude mais difícil de ser alcançada, que resolvi aceitar o convite. Nunca fui padre na vida, nem monge. Mas acredito que não há outras mãos melhores para abençoar aos que amamos do que as nossas próprias mãos. É disso que vou falar e é na simplicidade que vou fazer. E a Marina ensinou isso, numa fração do amor que ela tem, inclusive por mim, quando me escolheu: gente humana, imperfeita, pequena; pra celebrar o seu dia de alegria.

Estudando a simplicidade vi que o seu contrário não é o complexo, mas sim o falso que nos distancia da nossa essência simples, do que precisamos pra sermos felizes realmente. Admiro a Marina por estar no caminho dessa virtude. Desprender-se das coisas, dos dogmas , das regras e apostar numa coisa só: o amor...

Sinto-me agradecida e espero saber encontrar as palavras merecidas para um momento único e especial.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reiki



Ontem, dia primeiro de novembro, fui iniciada no Reiki. Descobri essa terapia tibetana, que manipula a energia vital com a técnica de imposição de mãos e visa o estabelecimento do equilíbrio energético, promoção de saúde e bem estar.

A iniciação foi especial. Senti como é possível canalizar essa energia para o bem e dentro de mim. Foi um dia importante, um presente generoso do universo que agora posso usar para fazer o bem a outros também.

O Reiki é mais que uma técnica terapêutica oriental. É para mim, doação de amor.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Garça



Andando pela Pampulha encontrei essa garça. Bonita.

Força

O nome dela é Aline e tem onze anos. Fui encontrá-la pensando que talvez estivesse quietinha, indisposta. Fui surpreendida quando ela mesmo abriu a porta de casa com um grande sorriso. A garotinha descobriu há três meses que tinha um tumor no cérebro e agora estava de volta à sua casa depois da terceira cirurgia na cabeça. Por ser sobrinha de amigos da família, eu acompanhava o caso dela de longe, num momento em que eu também estava de cama. Cheguei a pensar nela no dia da minha biópsia. Se ela, tão criança, estava enfrentando uma cirurgia tão complexa porque eu temeria um exame desses? E ela me deu força sem saber. O nosso encontro foi de muito riso e brincadeira. Levei folhas grandes e giz de cera. Não imaginava que coisa tão simples fosse dar tanta alegria. Eu olhava pra ela, olhos grandes, claros, lindos. Cabelo fininho todo raspado começando a crescer de novo. O sorriso apagava a cicatriz imensa e os gestos faziam qualquer ar de doença ir embora. A mãe, estava irradiante com a cura da filha e não há no mundo satisfação melhor que esta. Num dia difícil, marcado por lembranças que insistem as vezes em me perturbar, encontrei um motivo a mais para deixá-las do tamanho de um grão. Com a Aline, vi que o tempo de questionar o porquê das coisas já passou. Não há explicações que valham a pena para um câncer numa garotinha de onze anos e muitas outras coisas. Mas nisso tudo há uma coisa que vale a pena sim ressaltar. A força que cada um de nós tem. Desconhecida e poderosa...

sábado, 25 de outubro de 2008

Mundo ao avesso

Uma semana digerindo um acontecimento em São Paulo. Parece distante mas não é. Revivi a cena doída de ser mantida em cárcere privado por míseros 40 minutos que até hoje me acordam madrugada afora. O mundo está ao avesso. As pessoas exigem que você tenha sentimentos por elas como se tivessem o direito disso. O que importa? é só uma vida mesmo... eu posso! eu quero! eu exijo! Merda de sociedade que você pode ter acesso a uma arma quando quiser, que permite o sensacionalismo descarado filho da puta com a vida de uma menina de 15 anos. Minha vontade é nunca mais ligar a televisão na minha vida. Tolas discussões e condutas vergonhosas diante de uma vida que vai ser esquecida em dias. Ela se foi, mas se tivesse ficado teria que enfrentar o fantasma também. Ele, e o descaso da justiça, da sociedade de novo. Ia ter que escutar barbaridades também. Ia ter que fugir, se mudar, perder. Ia ter que juntar pedacinho por pedacinho da sua dignidade que se esparramou diante da covardia e recomeçar. O mundo está ao avesso. Pessoas cobram afeto com arma nas mãos e todos assistem acostumados, faltando ter pipoca e refrigerante pra acompanhar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Coisa boa

Que coisa boa é viver...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Separação

Separar-se de alguém é fazer um esforço imenso para esquecer cada cena compartilhada. E por incrível que pareça as lembranças são de coisas muito pequenas, acontecimentos quase bobos do cotidiano. É inacreditável, por um tempo, que tudo aquilo se vá porque é o esfalecimento daquele tolo sentimento de que vai durar para sempre. Os dias que sucedem tornam-se insuportáveis com a falta do que era preenchido e com o tempo você vai fazendo com que aquilo tudo seque como galho enfraquecido da árvore que não tem mais vida. De tanto plantar e replantar fico na dúvida se o solo fica fértil ou se ele se seca eternamente.

domingo, 19 de outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

Experiência do feijão

Seis anos apenas, e os olhos grudados no grão de feijão com anseio de averiguar minúscula transformação. Inacreditavelmente sai o primeiro indício de verdade sobre a vida: ela brota, como numa mágica no segundo em que seus olhos não conseguem enxergar, naquele milésimo que você piscou. Cada dia um pequeno milagre e no final da experiência aquela vida pra cuidar. Assim estou observando a minha semente. Atenta e certa que vai brotar de onde parece impossível. Já vejo as folhas verdes e a possibilidade dos frutos. Quando eu piscar, já vai estar lá. Já vai estalar. Já vou estar lá...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lua cheia na Serra

Subidas e descidas




Subidas e descidas são exercícios constantes em minha vida. Riscos naturais de quem anseia por liberdade e intensidade nos dias. As vezes com isso vem quedas e elas chegam a doer. Muito. Outras vezes passam despercebidas e o movimento continua. Sei que subir nem sempre é bom e descer nem sempre ruim e o negócio é cultivar uma certa serenidade para reserva em momentos de tensão de corda. Entendo hoje que descer pode ser proveitoso se eu conseguir parar de olhar a meio metro do nariz e vislumbrar os milhares de acontecimentos que acontecem a volta e em mim mesma. A nuvem anda rápida, a formiga leva o alimento pra casa, o homem trabalha, a célula multiplica. Muita coisa acontece enquanto perco o tempo olhando a um palmo de distância. Dá pra ir além... Hoje quando desci uma grande queda, cheguei lá embaixo com outra cara, energia diferente. Meu sorriso curou a mim mesma com a alegria de poder fazer essa proeza novamente. Pisei no chão, desci tudo que podia, mas isso não me afasta de mirar o céu e agradecer, principalmente.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Flor


Tudo que precisamos é colocado em nossas mãos...

sábado, 11 de outubro de 2008

Hoje

Ontem passado, amanhã não dá pra saber. Sobra o hoje.
Assisti um desenho animado que me encucou uma questão.
Havia um pergaminho com um segredo secreto que dava poder a quem tivesse o alcance dele, no entanto quando o personagem (no caso o kung fu panda) pegou o tal pergaminho, viu que ele estava em branco.
Procuramos a vida toda por coisas que nos dêem poder, que nos ajudem, que nos tragam sorte... e no final o grande segredo é uma folha toda em branco. Tudo que precisamos está exatamente dentro de nós e de tão perto que está a chave que abre tudo, não enxergamos... entra então outro filme que assisti na semana passada: o Ensaio sobre a cegueira. De tanto não enxergar o que vale a pena na vida, ficamos cegos sem saber como e até quando. Cegos, somos quase bichos...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tempo

Sempre me confortou ouvir que pra tudo há um tempo. E eu, sempre precisando escutar mais e mais esta afirmativa, porque tenho pressa de viver. Esperar não é ficar de braços cruzados, é esperar semeando, cultivando uma idéia para transformá-la em ação. Uma idéia presa é uma idéia morta e essa não faz sentido para mim. Os dias estão passando, acontecem muitas coisas, turbilhão de coisas inclusive, e eu continuo esperando que algo aconteça. Tem que acontecer... porque não suporto a sensação de ser um cachorro que corre atrás do próprio rabo pra ocupar o dia.

domingo, 5 de outubro de 2008

Trinta anos

Amanhã eu acordo com trinta anos. É diferente a pronúncia, mas não sinto nenhuma mudança por ser troca de década. Não sinto mas quero mudança. Por ser troca de década, ou de dia, ou de noite. Quero mudanças na minha vida e um arsenal de coisas boas acontecendo. Até aqui vivi os meus dias com muita vontade e determinação. Além daqui quero viver os meus dias com muita vontade, determinaçao e realizações. Quero nova década de alegrias diárias, sonhos inusitados, amor. Quero uma base sólida espiritual em tudo que eu fizer. Quero a oportunidade de não ser tão dura comigo mesma e ir mais leve, ao encontro de tudo aquilo que está planejado pra mim: ser feliz...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Pequenez



A intimidade de uma gota d'agua é infinitamente mais bonita que toda a queda de uma nascente num paredão de pedra. Quem dera pudéssemos ver os detalhes das coisas, na sua pequenez. Pequenos milagres acontecem todo o tempo e não percebemos porque aguardamos o enorme, que vai cair do céu partido em dois. Quanta coisa acontece na fração de um pensamento...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Anna

Do outro lado do mundo, por alguns minutos, deparei-me com a Anna. Tínhamos em comum uma máquina fotográfica pendurada no pescoço e a curiosidade de uma experiência em outro mundo. Eu estava na França, terra dela, e ela estava vindo para a minha, o Brasil. Não nos entendíamos com as palavras, mas o olhar mostrou interesse de fazermos juntas alguma coisa com aquelas máquinas*. Bom, quando voltei para o Brasil a Anna me ligou e veio me visitar. Época em que eu não podia mostrar-lhe a cidade, os meus lugares preferidos, nem meus amigos. Mas a Anna não se importou, vinha quase que dia sim, dia não, conversar comigo. Depois de três meses aqui ela já falava português e nos entendíamos muito bem e em pouco tempo conquistou minha família... avô, mãe, tias... e em pouco tempo também ela se tornou grande amiga e companheira daqueles momentos em que você percebe quem realmente está ao seu lado. Descobrimos muitas coisas juntas. Mesma data de aniversário, mesma idade, mesmos sonhos... Agora ela vai voltar para a casa levando parte daqui da mesma forma que eu trouxe parte de lá e percebemos juntas que a amizade encurta grandes distâncias e se torna um presente valioso aos que estão abertos para esse tipo tão peculiar de amor. Anna, querida, até a próxima... obrigada por tudo.

* Vamos fazer uma exposição de fotos sobre o Brasil juntas, em dezembro, na França.

Ferro

Tem coisa que é completamente irônica na vida. Estou com pouco "ferro" no sangue. Mesmo depois de tanta ferrada...

domingo, 28 de setembro de 2008

Desejo profundo

Vontade de não tossir nunca mais e fazer bolhas com o nariz debaixo da queda de uma cachoeira...

sábado, 27 de setembro de 2008

Mãos

Ela me relatou e foi quase como se eu pudesse sentir o que dizia. Quando ele pegou nas mãos dela passou um filme futuro em sua mente. Juntos, companheiros, com um trabalho em comum e sonhos também, pra aqui perto e lá longe. Ainda que ela não quisesse abrir agora o seu coração, aconteceu. As grandes coisas não se planejam, aparecem como sopro de brisa que traz o recado e o leva de volta aos ouvidos do criador. Aquelas mãos juntas, por três segundos, foram tudo que ela precisava pra se reerguer. Tonteou de confusa e quentura que deu. Ela pensou no por quê das coisas serem sempre tão complicadas, e no por quê também dele não segurar mais forte e um pouco mais o que não era pra ter fim. Chego a ver a cena, um desconcerto cabreiro, manso e tímido por uma centelha acesa na alma. Mas existem as escolhas, que limitam os acontecimentos em metade por cento. A outra parte não diz o que sente e passa o tempo sem que outros momentos como aquele sejam restauradores do dia. Quando ela descreveu as mãos juntas, percebi que em muitos momentos da nossa vida as coisas ficam mais fáceis quando se tem mãos a quem contar. Nesse caso, ela queria também lábios aos quais beijar...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sempre é tempo de aprender



Meu primo Rafael, dois aninhos, fazendo sanduiche.

Pensamento

"Como eu suportaria viver se não pudesse ser também poeta? Viver é mais do que sobreviver - é narrar". Nietzsche

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Jacó e Matheus

Existem pequenos espaços, pontos de luz, perdidos no meio da cidade grande. Jacó e Matheus é um deles, uma casinha disponível para o trabalho, fraternidade, amor. O que tem de mais bonito do ser humano é a capacidade, apesar de todos os acontecimentos da atualidade, de doar um pouco de si, sem pretenção ou vaidade. O bem e o mal existem, não em um niilismo extremo, dividido entre duas alas humanas, mas em nós mesmos. Cabe escolher. E procurar pelo bem, pois ele existe e aos montes. Graças a Deus.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Medo

Quando você tá com medo e encontra alguém com mais medo que você em uma mesma situação, você enfia o seu medo entre as pernas e ajuda o outro. Não sei como, mas acontece. Aconteceu comigo.

Cuidado da alma

Uma amiga me escreveu o seguinte: "Claude Bernard dizia: "o micróbio não é nada, o terreno, sim, é tudo. O que faz eclodir uma enfermidade são miríades de criaturas minúsculas e invisíveis. Agindo juntas, não são outra coisa que o corpo do espírito malígno. Elas não podem atacar a não ser aquele que, por si mesmo, abre uma brecha em sua alma... ou seja a vulnerabilidade orgânica é uma consequência imediata de um estado psiquico caracterizado com uma "brecha na alma" aberta "por si mesmo". Parece cruel mas é bonito. É um convite pra cuidar da alma, da psique... é isso o que mais quero fazer.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A nuvem

Tenho uma nuvem no peito, segundo os médicos. Ela está se movendo nos pulmões rapidamente, de um lugar para o outro, como se estivesse brincando com todos que ficam tentando descobri-la. Mas a brincadeira já está ficando sem graça e não quero saber de coisa estranha andando em mim. Vamos combinar, eu vivo na terra e você, nuvem, vive no céu. Cada um na sua.

O Corpo

" O filósofo grego Heráclito foi o autor do famoso comentário: não podemos entrar num rio duas vezes no mesmo lugar, já que ele está em constante mudança com a chegada de novas águas. O mesmo acontece com o corpo e todos nós nos parecemos muito mais com um rio do que com qualquer coisa petrificada no tempo e no espaço.

Se você pudesse ver seu corpo como realmente é, nunca o veria repetir-se. Noventa por cento dos átomos de nosso corpo não estavam nele há três meses. De certa forma, a configuração das células ósseas permanece a mesma; no entanto, átomos de todos os tipos atravessam livremente as paredes celulares, o que significa que adquirimos um novo esqueleto a cada três meses.

A pele se renova a cada mês; adquirimos novo revestimento no estômago a cada quatro dias com a renovação constante da superfície que entra em contato com os alimentos a cada cinco minutos; as céluas do fígado se renovam de modo mais lento,mas novos átomos flutuam tranquilamente através delas, como a água do leito de um rio, fabricando um fígado a cada seis semanas. Mesmo no interior do cérebro, cujas células não são substituídas depois que morrem, o teor do carbono, nitrogênio, oxigênio etc. é hoje inteiramente diverso do de um ano atrás.

O corpo humano continua parecendo o mesmo, dia a dia, mas através de processos de respiração, eliminação e outros vive em constante sistema de troca com o resto do mundo..." (Chopra, Deepak. A cura quântica.)

A cada dia você pode ser alguém diferente...

sábado, 20 de setembro de 2008

Bons ventos...



O Vento. Los hermanos

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mineirês

Hoje fui "fazer" as sobrancelhas numa esteticista que trabalha em casa mesmo. Cheguei um pouco adiantada e para aguardar fiquei sentada perto da horta do fundo da casa dela, aproveitando o sol no dia frio que estava. Foi então que apareceu uma senhora no quintal e disse: "Quentano um solim aí?". Eu: Tô... e sorri um sorriso largo. Achei tão bonito o jeito mineirês dela, matei até a saudade da roça...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Desconforto

A vida tem coisas estranhas, mas que ensinam muito. Foge às vezes da nossa capacidade de entendimento. Um dia eu estava na Suiça, comendo chocolate e comida tailandesa, no outro eu estava no hospital Julia Kubitchek numa maca no corredor sem colchão, tábua fria que doía a coluna. Com máscara, oxigênio e medo, as lágrimas escorriam dos meus olhos por várias coisas. Olhava pro lado e via o sofrimento alheio, olhava pra mim e via a vontade daquilo tudo acabar. Médicos, enfermeiros, assistentes, vinham tratar de um pulmão, de outra vesícula, do pé quebrado, mas não vinham tratar de gente, da gente. Gente não merece essas coisas, por mais filha da puta que a pessoa seja. Vi que todos somos iguais, e eu já tinha aprendido isso bem antes. Vontade de ter tido força suficiente pra não deixarem o velho daquele jeito, a menina daquele outro e eu assim. Enfim, estamos em época de eleição e vamos colocar lá "em cima" as pessoas que vão esbarrar nessa maldita política pública que nós temos. O pior que vamos eleger o cara que tá na lista do mensalão, o que financiou com dinheiro público a candidatura de outro, etc. Porque política não interessa ninguém, sofremos então as consequências. Gostamos do SUS, da falta de educação, da violência e como diz uma amiga minha, pagamos uma empregada doméstica pra ficar o dia todo em nossas casas enquanto os filhos dela ficam sozinhos na rua da favela. Isso é conforto. E tudo isso me causa grande desconforto. Não é a toa que não conseguem pegar fácil o meu sangue nos exames, porque o que eu devo ter na veia deve ser outra coisa...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Encomenda por sedex

Eu já ganhei muita coisa diferente, inusitada. Mas acho que essa superou.Um amigo meu, da época da CEMIG veio me visitar outro dia e me achou um tanto "magrinha". Ele foi embora e dois dias depois recebo uma encomenda por sedex dele. Não estava muito em condições nem de segurar a caixa, mas minha mãe abriu e disse: "Renata, você acaba de ganhar uma dúzia de ovos caipira! quebraram quatro!". Tô começando a acreditar que tem coisa que, realmente, só acontece comigo...

Recomeço

Quando eu voltei da Europa despertou uma vontade grande de não morar mais no Brasil. Inúmeros fatores: respeito, justiça, honestidade, confiança, segurança e dignidade. Valores que no meu País estão cada vez mais esquecidos. Eu gostei de pagar o ônibus e ninguém me cobrar a passagem, gostei de andar na rua sem medo de alguém me pegar, gostei do respeito no trânsito, na rua, nos espaços.

Resolvi então ir embora para outro lugar: a Austrália. Tenho amigos queridos por lá que seriam minha referência no momento difícil que eu estava. Comecei a juntar os papéis, a organizar os passos para o visto. Numa agência escutei: "a única coisa que você não pode ter para ir para a Austrália é tuberculose, porque eles desconhecem o tratamento da doença e não tem nenhum caso no País. Está tudo bem com seus pulmões ne?". Óbvio que estava, pensei.

Os dias foram passando, e cada vez mais eu me dedicava a procurar coisas sobre o curso que eu faria no outro lado do mundo. Já não saía muito do quarto, queria que passasse logo os dias e que chegasse a hora de embarcar. Parecia uma fuga. Mas era mesmo e eu tinha todos os motivos pra querer fugir daqui. Não ia pagar um preço tão alto de deixar minha família aqui à toa.

Até que os dias foram ficando longos demais. Estava incomodada com minha falta do que fazer, uma vez que sempre fui de fazer tanta coisa de uma vez só. Decidi atender umas crianças num abrigo aqui perto de casa, até o momento de ir embora. E no primeiro dia de trabalho, senti calafrios e um pequeno mal estar. Cheguei em casa, coloquei o carro na garagem e fui para o meu quarto. Não consegui chegar até minha cama...de repente uma falta de ar absurda, muita tosse e muito vômito. Fui levada para o hospital, tomei um pouco de oxigênio e já estava me preparando para voltar quando o médico disse: "Renata? está bem?". Estou sim, já quero ir embora. Pode não querer esse remédio para o vômito porque já passou? Ele disse: " Não, vai ser necessário tomá-lo mais um pouco." Pensei: nem podemos escolher o que achamos ser melhor pra gente, mas paciência, esperar o outro pra me liberar. E o outro veio. Dirigindo-se à minha mãe disse: "Como ela chama?" Eu disse: Renata! "Ó, seguinte, vou ter que te internar, seu raio-x não veio bom não". Falei: Mas eu estou bem, posso ir pra casa e voltar amanhã? Ele disse que não...

E aí começou uma história difícil, mas muito importante. No outro dia cedo, eu estava isolada, com pessoas usando máscaras pra chegar até a mim, e com o recado que um pneumonologista viria me visitar em breve. Ele veio, conversou comigo e disse: "Renata você tem um quadro avançado de tuberculose, vamos ter que fazer alguns exames". Eu estava com o oxigênio e o aparelho de nebulizador no nariz. Tirei os dois e falei com ele: Tuberculose?!? Tô no século dezoito? E ele já foi logo voltando com o aparelho pro meu nariz.

Dessa parte até a que estou hoje, gostaria de passar uma borracha. Esquecer os dias de cama, de vômitos, de fraqueza. O importante é que tive mais de 26 dias para pensar no porquê de tudo isso comigo. Como eu tinha tantas lesões nos pulmões e como isso foi se alastrando dentro de mim. Parei de perguntar o porquê, e comecei a bater no pra quê! E fui encontrando muita sujeira que eu guardei debaixo do tapete, muita mágoa, tristeza, decepção. O tratamento iniciou e fiquei internada três vezes por conta dele. Os remédios pra mim eram como bombas que explodiam a doença mas todo o meu organismo também. E eu só vomitava, vomitava, vomitava.

Nesses dias, apareceu muita gente pra ajudar. Uma ajuda que não necessariamente tirava o meu vômito ou a minha perda de peso ou minha fraqueza. Mas ajuda humana, que me fazia acreditar que aquilo tudo ia passar uma hora. Minha família é única, especial, diferente. Meus amigos são preciosidades que não se encontram mais por aí. Algumas pessoas seguravam minha cabeça enquanto eu vomitava, e essa ajuda pra mim era a maior do mundo naquele momento, porque eu de tão fraca, não conseguia segurar o corpo. Outros, faziam preces em silêncio, abastecendo o meu organismo de energia que eu precisava tanto. Formou-se uma grande corrente, que eu não tenho noção da dimensão.

Fui internada novamente e descobriram uma sequência de coisas... entre elas uma hepatite medicamentosa muito forte. Suspenderam então todos os remédios que eu tomava. Só da tuberculose eram seis. Foi aí que comecei a me alimentar novamente. Tirados os demônios que me bombardeavam, pude comer. Passei fome, com vontade de comer, com comida, sem poder segurar no estômago. Fome dói, nunca imaginei que fosse sentir isso.

Depois de biópsia, tubo no pulmão, exames, furos, injeções e vômitos, veio a melhora. Uma melhora muito rápida, uma sensação estranha que não consigo descrever. Mas era uma vontade de comer tudo, de viver tudo, de andar dentro de casa, sentar na cama, tomar banho sozinha. Uma renovação que mudou meu quarto, retirando lembranças de um tempo que não quero mais lembrar, mudou meu pensamento em relação aos pobres humanos que eu tinha raiva, mudou minha percepção do meu corpo e mente. Vi que a medicina ainda é muito primitiva, mesmo com tanta tecnologia. Ela não trata uma pessoa, trata uma coisa na pessoa sem se importar o que tudo na pessoa vai sentir. vontade de gritar: EU NÃO SOU SÓ UM PULMÃO. PAREM DE ME MATAR TENTANDO SALVAR. E eu gritei. Procurei terapias alternativas, tratamentos diversificados. A doença sumiu do mesmo jeito que apareceu: do nada. E agora estão investigando que tipo de PNEUMONIA é essa que eu tenho.

Esses dias foram um tempo difícil mas posso dizer com certeza absoluta que foi o tempo mais importante da minha vida. Onde pude fazer escolhas que me deixaram novamente de pé. Nada além da sua saúde tem importância quando você está achando que vai morrer. Nada. Nem trabalho, nem dinheiro, nem namorado, nada. E quando você volta desta experiência, volta diferente, mais forte, equilibrado. Os desejos são coisas simples: segurar o sobrinho no colo, ver a luz do sol de pé, tomar água no filtro, comer sem ter que escorar. Escrever.

Não cheguei ao final do processo, mas estou no meio de uma transição. Um ciclo de muitas coisas difíceis está se fechando e eu já vejo a abertura de outro aqui dentro de mim. Estou no caminho, bem mais leve que outros já passados. Bem mais feliz também. Lembrei da frase do Jung, que um amigo me escreveu: "Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro desperta"...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

De volta

Estou de volta e às voltas com a sedenta vontade de viver.
Saudade da escrita, de andar na rua, de sentir o sol.
Em breve novos escritos e nova vida...

sábado, 9 de agosto de 2008

Paciência

Carta para o João Pedro

O que eu escrevo não é verdade, é a minha verdade. E hoje, dia do batizado do meu único sobrinho, quero escrever para ele uma história que tem a ver com esse dia.

João Pedro,querido.

Confesso que fiquei muito irritada com o curso de batismo que tive que fazer para ser sua madrinha hoje. É que não suportei escutar que SÓ agora você tem Deus e que SÓ por este caminho que as pessoas O descobrem. Mas hoje, senti muita alegria em poder batizá-lo ao ver sua carinha tão boa e risonha.

Quero portanto, contar para você uma história sobre o seu nome que tem a ver com tudo isso que presenciamos hoje.

Há muuuito tempo atrás, 2008 anos pra ser precisa, nasceu uma pessoa com o nome de Jesus. Os pais deles se chamavam José e Maria - duas pessoas muito sábias que criaram o garotinho para ser o Filho de Deus. Ele precisou passar por tudo que você está passando agora: aprendeu a sugar, a coçar o dentinho, a fazer brrrru e tudo mais que você descobre todo dia. Pois bem, Jesus cresceu e se tornou um homem popular e revolucionário. Um grande revolucionário que dizia sobre o amor e sobre a fé o tempo todo. Se sua tia fosse viva naquela época, ela gostaria de tê-lo como amigo bem próximo, porque ele era simples, curioso, tinha amigos de todos os jeitos (cego, rico, prostituta, pobre, escravo, bom, mal, etc) e gostava de todo mundo pelo jeito que a pessoa era e mais! saía por aí fazendo o bem às pessoas.

Meu querido, infelizmente ele foi pêgo e morreu. Injustamente e com muita covardia. Ninguém podia sair por aí dizendo que é filho de Deus e tal... mesmo hoje, 2008 anos depois, a pessoa que ouvi por último dizer que é filho de Deus com tamanha certeza que a de Cristo, foi parar no hospital psiquiátrico que eu trabalhei há anos atrás. Um homem que está amarrado em algumas horas do dia, internado e correndo com a palavra do Pai dele pra cima e pra baixo sem conseguir passar pelo portão do hospital. Pra você ver que não era problema de época...

Pois bem, Jesus antes de morrer, ensinou muitas coisas às pessoas e fez vários amigos. Um deles se chamava João e esse escreveu sobre o trajeto de Jesus até o dia que foi crucificado (depois te explico o que é isso); outro se chamava Pedro e era um amigo que Jesus gostava muito. Era pescador e o fundador da primeira casa que ia esparramar quem foi Jesus. Mas João e Pedro eram humanos e erraram também. Dos erros do João não posso falar, mas os de Pedro tem um que é conhecido mundialmente. Ele disse a Jesus que nunca o negaria em vida, mas quando Jesus foi pêgo perguntaram para Pedro se ele era amigo do "maluco" que dizia que era filho de Deus e Pedro o que fez? Disse Não! Não conheço este homem. Mas não quero que você julgue o Pedro por causa disto, sabe por quê? Porque existem momentos na vida da gente que temos que escolher entre a vida do outro e a nossa. E não é crime escolher a nossa ta bom? (polêmico demais, depois conversamos sobre isso se você quiser).

Aí João, teve um detalhe importante. Quando Jesus morreu, todo mundo percebeu que estava cometendo injustiça, que realmente era um filho de Deus que estava alí na cruz. Muita gente faz isso até hoje também, condenando pessoas inocentes e deixando soltas pessoas criminosas. Provavelmente você vai ver muito disso ainda também.

Só que foi tarde. Jesus já havia morrido e não tinha mais jeito. Então depois de três dias algumas pessoas bem sensíveis que vêem espíritos viram o de Jesus. E então esse dia foi marcado com festa, porque viram que não necessariamente a morte física é a morte espiritual e a festa se chamou páscoa. Até hoje temos no calendário esta festa e você vai gostar muito, tenho certeza. Tem uma história aí de chocolate que não tem nada a ver... mas o povo tem que ganhar dinheiro com tudo então deram seu jeito.

Passada toda essa confusão, Jesus virou o mestre dos mestres e abriu caminho para outros, assim como também deve ter se inspirado em outros. Muitos homens foram especiais por suas revoluções na Terra. Jesus fundou o cristianismo; Maomé a crença muçulmana, Ghandi a revolução sem violência, Kardec o espiritismo, Cleópatra administrou uma civilização tida como caso perdido, Chico Buarque fazia músicas que denunciavam a injustiça do governo brasileiro, e outros tantos Josés, Marias, Joaquins que fazem todos os dias parte de suas próprias revoluções. Umas maiores, outras nem tanto. Isso que quero te falar, que você também pode fazer uma se quiser. Na sua casa, no seu bairro, na sua Cidade, no seu Estado, País e mundo! Se não quiser, tudo bem também. Nem todos nascem para revoluções e exercem igualmente importantíssimos papéis como ser humano.

Ainda sobre Jesus, ele continua mestre pra muita gente. Pra mim também. É meu exemplo de sabedoria e mansidão. Queria ser como ele às vezes e quando alguém me fizer uma pergunta, eu abaixar, riscar com um pedaço de pau a areia no chão e só depois responder. Ele tinha tempo pra tudo: pra pensar, pra falar, pra colher, pra plantar...

Então, o seu nome veio dessa história e significa luz e força. É o que você é pra gente, desde que nasceu...

Ah, e me lembra de te contar o que você fez na hora que o padre molhou na água sua cabecinha... Você é uma figura!

Amo você, beijo grandão.

Titia.

08-08-08

Acordei com a sensação que um caminhão tinha passado em cima de mim. Não foi a toa que voltei literalmente rebocada pra casa... o carro não funcionava. Sensação de caminhão passando em cima de mim e visão real de um ônibus passando em cima da chave do carro. Não ligava, não andava, não nada. Enfim... dia do "portal se abrir", data mística, esperançosa. Foi o dia que o Danilo partiu para sua girada no planeta, de bicicleta. Acompanhando os primeiro doze quilômetros, tive uma noção da dificuldade que seria uma volta ao mundo. Realmente, não é pra qualquer um sair por aí dando voltas e voltas. E eu aqui, dando voltas e voltas pra tentar descrever as carinhas dos meninos na instituição que ele visitou antes de partir. Não consigo relatar cara de menino sonhando...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Estrelas do Jequi

Era uma casa simples de chão batido e sem forro no teto. Senti na pele uma mudança compulsória, mas passado o susto da diferença, tomei a como minha rapidamente. Era uma casa especial e me dava, quase todas as noites, a sensação de mergulho no silêncio de uma imensidão escura com pontos brilhantes.
Caía a noite seguida do crepúsculo mais bonito que eu havia visto. Mistura de cores. Pintura divina e algo mais próximo do que imaginava ser a perfeição.
Nesse dia não fui ver o céu, até que no silêncio de uma leitura, ouvi uma voz aguda que gritava insistentemente um beabá.Uma professorinha. E ela gritava para os alunos que todas as noites iam ao cercado de madeira, porta dividida ao meio, tramela na janela aberta, única luz que eu avistava. Ainda que a voz fosse um grito, não tinha curiosidade maior. Bê com áaaaa: Báaaaaaaaaaaaaaaa.
Sob luz fraca, os alunos eram velhos atentos, inseguros com o lápis nas mãos, trêmulos, traçando primeiras letras de um caminho com a mesma escuridão do infinito. Mas como no caminho, estavam debaixo de um céu inesquecível, magnífico, de pequenas estrelas brilhantes e poeira estelar. Um manto que os cobria, a minha casa e a mim. Tenho medo de esquecer aquele céu. Por isso o fiz colorido em meus ombros, até hoje e para sempre.

domingo, 3 de agosto de 2008

Pedido

Vi que eu estava pedindo errado. Achava que tudo que eu estava recebendo era "lenhada". Pedia alívio e vinha dor; Pedia força e vinha fraqueza. Não entendia e duvidei. Mas ontem, resolvi mudar o pedido. Agradeci. Muitas vezes a doença é uma oportunidade única de se conhecer e as dificuldades... bom, as dificuldades ensinam de toda forma. Parece estranho e hipócrita agradecer por uma coisa ruim, mas tudo tem os dois lados. E ontem aprendi: Se tudo é escolha, por que não escolher o melhor lado?

sábado, 2 de agosto de 2008

A segunda coisa

A segunda coisa que me deixou nesta semana, por alguns segundos, sem saber o que dizer foi um comentário de um amigo recente sobre sua namorada. Ele me disse que por toda a vida procurou alguém que fosse perfeita, que não mascasse chicletes demais, que tivesse todas as medidas coerentes e exatas, que não fosse tão religiosa, que bla bla bla. E num dia, se viu apaixonado por uma pessoa que naquele momento era tudo que ele não queria, querendo. As palavras pra mim foram como uma grande declaração de amor, verdadeira e simples ao dizer: "Amo cada risco da pele, cada falha no cabelo dela, cada amassado quando acorda e principalmente cada vez que demonstra suas fraquezas e inseguranças em seu dia. É fácil amar o que nos é ideal, lindo e perfeito. Difícil é conseguir amar o humano que é a pessoa é." E pronto. Foi suficiente para eu me calar, não pela conclusão porque penso assim também, mas por uma declaração tão inusitada e diferente. Não costumo me calar no "disfarce-a-face" das conversas virtuais e desta vez calei-me. Vontade de silêncio pra pensar em mim.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Truque

“A gente inventou um truque para fabricar brinquedos com palavras. O truque era só virar bocó. Como dizer: eu pendurei um bem-te-vi no sol.”
Manoel de Barros

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Atitude

Esses dias pensei em abandonar o blog. Bateu um medo de provocar nas pessoas sentimentos negativos com as minhas histórias. Isso junto com a dedicação do meu tempo à um projeto de um amigo, distanciou-me da escrita. Fui escrever e estava sem insiração pra contar um caso, relatar uma história ou opinar sobre qualquer coisa.

O que me fez mudar de idéia foi que em todos os dias, ainda que pareçam iguais, alguém me toca com alguma coisa dita, expressada ou recalcada. Se abrir os olhos sempre vai encontrar alguma coisa que te chame atenção. Foram duas coisas nesta semana que me despertaram vontade em escrever.

Uma foi uma criança da minha família que com uma cena, confirmou o que penso sobre as crianças: não são apenas infantes que não sabem das coisas, possuem julgamento próprio e são capazes de saber o que é certo e errado frente ao outro. Pois bem, Rafael - já comentado neste espaço - tem menos de dois anos e seus pais receberam em sua agenda escolar uma observação que ele mordeu um coleguinha da escolinha quando esse tentou tomar um brinquedo seu. Fizeram a intervenção correta. Quando Rafael chegou em casa e sua mãe foi ler o bilhete em voz alta, o garotinho começou a chorar, espernear e puxá-la para o quarto longe das pessoas que estavam na sala de casa. Expressou vergonha diante do bilhete e da acusação da violência com o amiguinho. A intervenção de minha tia foi bastante coerente e simples: Fazer isso com qualquer pessoa dói, não pode bater, nem morder, nem fazer o coleguinha chorar. Fiquei pensando que milhares de pais diriam o inverso: "Defenda-se mesmo! mordeu tem que morder também!" E diante dessa lucidez da minha tia, o pequeno foi se acalmando mas ainda não se sentia a vontade para encarar os demais que estavam na sala. Pergunto: culpa é uma coisa boa de sentir? em muitos casos sim, prova de não perversão em vários casos. Mas a questão aqui é outra: Desde cedo, as pessoas podem escolher entre o certo e o errado diante situações violentas. Sofremos com a moral sim, mas saber o que é certo e errado nem sempre é um castigo, é uma questão de posicionamento diante das coisas. Quando vejo violência e reproduzo violência, sou tão injusto quanto quem começou. E sobre a justiça, Ghandi deu pra mim o melhor exemplo: "Se cometes uma injustiça e eu me calo diante dela, então a injustiça também é minha". Ia comentar a segunda coisa, mas vou ficar por aqui mesmo. Essa já deu pano pra manga.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Leitora fiel de tua história

Tenho um grande amigo do outro lado do oceano. Desses que quando tudo parece desmoronar te abraça e diz: vou lhe fazer um jantar, ouça esta música!

Nesses últimos meses acompanho sua dor proveniente de uma triste separação. Quando o ouço e leio o que escreve, meu desejo é de arrancar-lhe com as mãos todo esse sofrimento que têm lhe proporcionado constantes lutas diárias. Nunca consegui arrancar minhas próprias dores com as mãos, mas arrancaria as dele primeiro, se pudesse.

Estou muito cansada de todas essas histórias que não dão certo, apesar do desenvolvimento que todas elas trazem a cada um de nós que se arrisca. É que quem não se envolve, não se des-envolve, e para isso é preciso ter coragem. Mas cansa ...

Não é possível uma caixa preta para nossas memórias indesejáveis, meu querido amigo. Mas tem que ser possível uma resignificação de todas elas, uma saudade boa do que passou e o esquecimento do que feriu. A batalha é diária sim, num primeiro momento. Depois - de dias, meses ou anos - passa. Aí é hora de arriscar de novo, ou não...

Queria estar forte o suficiente para lhe dizer as melhores palavras. No momento, ofereço meu abraço separado por muita água e grande vontade de vê-lo bem. Também sou leitora fiel de tua história e espero ansiosamente a proximidade de dias melhores e de paz. Totalmente merecido...

Enxergar, ver e olhar.

(Escrito em Valadares, março de 2007)

As vezes tenho vontade incontrolável de ver além. Quem dera uma “espada justiceira com visão além do alcance”. Mas tranqüilidade me parece ser a visão do que nos é possível, exercício de paciência pra quem escuta além do alcance.

De tanto querer ver, encontro meu sossego na imagem congelada do outro que a minha máquina fotográfica captura. As minhas lentes são as conjuntivas do meu olhar, que pesca o outro que se faz em mim. Retrato o meu olhar, no outro.

Em Pedra Corrida, faço o exercício desse olhar. Num primeiro momento vejo, depois enxergo e por fim olho. Vêm à minha cabeça palavras de um texto do Freud: Necessidade, demanda e desejo. Tríade importante das nossas vidas. Faço analogia... Ver é uma necessidade fisiológica, coisa que nos permite captar o externo. Enxergar é um pouco mais que ver, é aquela visão de quem está procurando alguma coisa especifica no meio de tantas outras e por fim vem o olhar. Esse não é da ordem da fisiologia, não é da ordem da necessidade, nem da demanda de enxergar. O olhar é da ordem do desejo, particular e subjetivo de cada um. O olhar é seguido do que o nosso desejo desperta, em nós e no outro. E apesar de ter a necessidade de ver, e a demanda de enxergar, faço valer o meu olhar pelas lentes do meu desejo. É aquilo que só associado à palavra viva descreve o que ele diz. Palavra viva é aquela proferida da verdade de cada um.

De uma cadeira de Pedra Corrida vejo uma porta, enxergo um lugar e olho as pessoas. Vejo a menina que foi amassada por um carro, enxergo o pânico e olho a vontade dela em viver, amarrando os significantes que a compõe, tão pequena ainda. Ela me diz em uma brincadeira: "cuidado! Cuidado com o carro rápido na rua! Faz cicatriz na cabeça!" Essa mesma menina cai da bicicleta, vê o joelho ralado, ensaia um choro, vira para um lado, para o outro e olha pra ela mesma. Rapidamente, monta na bicicleta e sai andando com partes tortas, tremendo as mãozinhas no guidão. Eu vibro, silenciosamente no meu canto. Ainda que ela tenha medo, ela caminha... pequena guerreira, pequena e grande menina.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Volta ao mundo...

Danilo, um amigo, vai dar volta ao mundo de bicicleta. Fiquei tão empolgada que resolvi dar volta ao bairro pra sentir o drama. Caramba... empolguei e fui andando, andando... passei no banco em outro bairro e continuei andando...quando cheguei em casa, achei que ia colocar os pulmões pra fora. Fiquei pensando que tenho pressa em realizar as coisas. Ao invés de ir ali na padaria, começar com um singelo quilômetro, não! Vou logo querendo a estrada real. Mas tudo bem, vi que consigo apesar da dificuldade em respirar depois e amanhã inverto o processo: vou gradativamente até saber do meu limite. Não deu, paciência... hora de parar. Saber do próprio limite é importante, ainda que ir além tenha os seus encantos. Enfim, não deu pra avançar muito mas desconheço onde posso chegar se eu quiser ir.

For all 2

Maior desejo

Meu maior desejo: ser simples.

sábado, 26 de julho de 2008

Pedra Corrida



Este é o Emanuel, um garoto que por quase um ano foi a luz do meu dia em Pedra Corrida - Governador Valadares, um dos povoados que já trabalhei. Com esse sorriso ele vinha me contar do seu cotidiano, nada fácil. Brincava comigo e dava gargalhadas do meu "jeito de falar estranho". Eu poderia estar na tampa do stress num dia, mas quando ele chegava tudo ficava mais fácil. Emanuel queria me mostrar tudo: a escola dele, o pai, a mãe, o irmão pestinha, a pedra na rua, o carrinho velho, a bicicleta e o desenho novo. Cada mostra uma história que ele mesmo produzia fazendo qualquer coração de pedra balançar. Coração de Pedra. Coração de Pedra Corrida. Eu saí de lá, mas "lá" não saiu de mim ainda.

Coisa pouca

Uma das coisas que mais gostei quando eu viajei pra longe, foi uma coisa muito pequena que tem um efeito grande no planeta. Em todo supermercado que eu ia, não via aquela montoeira de sacolas de plásticos nos caixas. Cada pessoa levava a sua de casa mesmo. Uma atitude simples que no bolo total faz enorme diferença. Achei bonito e quero fazer isso aqui também. Não interessa que no supermercado tenha sacolas, posso levar a minha. Não custa nada e salva o mundo para o João Pedro crescer mais feliz.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fazer o quê?

Eu já sabia a resposta pra minha pergunta e ainda assim perguntei. Mania de querer saber das coisas... O ruim de ficar apaixonada é que o desconfiômetro fica desregulado. Mas sabe que apesar da tristeza, que nem sei o porquê de ser tanta, tudo fica melhor assim. Meu jeito é esse, fazer o quê? Eu tô achando que eu deveria era me apaixonar perdidamente por mim mesma, assim ia parar de achar que tudo que é bom pra mim, dura pouco...

Reencontro



Hoje aconteceu um reencontro fascinante pra mim. Uns amigos do segundo grau, depois de mais ou menos 12 anos... Ficava imaginando como estariam as pessoas e me dava um certo medo de saber o que viraram depois de termos vivido nossas revoluções da adolescência. Um medo inseguro, bobo, de quem está acostumado a ver o mundo virar de cabeça pra baixo todos os dias. E o que mais me fez feliz neste encontro é que reconheci nos meus velhos amigos, a essência de cada um que não mudou. Mudaram fisicamente, mas aquela coisa que temos dentro da gente que nos acompanha em nossas atitudes diárias com o mundo, não . Cada um, da sua forma, mudou foi o mundo e esse era o nosso maior desejo coletivo quando tínhamos 17 anos. Reencontramos depois de muitos anos e me imprecionou o abraço, que era o mesmo também. Minutos de afeto trocados e explosão de uma energia que ali foi possível encontrar . Não éramos conhecidos, éramos divisores de um ideal que nos fazia dar o sangue em troca de sede de justiça. E meu deus, o que mais tenho pedido aos céus nesses meses, é justiça. Encontrá-los foi portanto uma certeza pequenininha de que o que eu tenho correndo na veia é algo que corre na mesma intensidade na veia de alguém. Alguéns. Foi nostálgico e importante. Recordamos o jornal que escrevíamos juntos no colégio, as pequenas revoluções que fazíamos nas ruas, as mudanças que decretamos na escola e o universo que abrimos ao assumirmos uma postura diante as escolhas da nossa juventude. Fomos felizes demais por termos sido assim...
No meio do encontro, Byron propôs um pacto que encontrou num filme do Kurosawa: a cada dia 24 de julho nos encontraríamos de novo. Unanimidade de aceitação...
Entre cinema, música, bonecos, teatro, letras e canções, meu velhos amigos vivem a arte como parte da essência que descobrimos há anos atrás. A mesma que me fez arrepiar quando me deparei em cada período meu.
Sem mais palavras, o desfecho que faço não traduz a emoção que eu senti. Cada um de nós sabe o que (re)vivemos ali e percebi que a ótica da vida muda com a experiência sim mas, o que somos no íntimo, não. Um brinde então ao desejo de ter essa história bem longa ainda e a outros que foram agregados nela por uma constante renovação de sonhos adquiridos!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Amor banal e amor essencial

Admiro os poetas que falam sobre o amor. Eu não sei falar. É que o que sempre achei que fosse esse sentimento parece ser equivocado perto do que é fora de mim. Pra ser mais simples, o que todos falam que é amor eu não entendo.

Todos os dias vejo por aí o "eu te amo" nos sites de relacionamento, nas mensagens instantâneas e nas frases sacadas do nada por pessoas que já estiveram comigo. A impressão que tenho é que de três, uma: 1. Ou o significante AMOR é como a imagem que fazemos de uma árvore - e nesse sentido ela pode ser robusta, grande, pequena, seca, florida, etc - e portanto, particular de cada um; 2. Ou o Amor que eu acho que é amor não é amor e eu não sei nada sobre isso; 3. Ou o amor que sempre ouvi falar é um termo descompromissado e dito sem pensar.

Chega a dar aflição a falta de comprometimento com as palavras, porque foram elas que escolhi para serem o objeto do meu estudo profissional. Detesto a fala por falar e as palavras pra serem soltas ao vento sem o mínimo de implicação. E detesto mais ainda os que se omitem de falá-las por acharem que dessa maneira, estão comprometidos com as "verdades". O melhor "não falar nada", é pior do que "falar tudo" sem compromisso.

Organizemos as idéias, tem outro detalhe. Hoje o amor aparece pra mim da seguinte maneira: a pessoa te ama 100 por cento já de cara, e vamos desgastando esse percentual com o tempo. Devia ser o contrário, meu deus. Preferia que eu tivesse zero por cento e se um dia eu chegasse aos 80 já seria lucro.

Estou com antipatia dos que me amam rapidamente. Amam nada! Meu sentimento não tem valor de troca. Parem de me amar do nada, por favor... Deixem eu saber o que é isso de verdade. Imploro!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Valor

Tem hora que, se bobear, acabamos nos esquecendo o que somos. O tempo vai apagando umas coisas e quando percebemos já fomos engolidos pela falta que ficou. Virando e mexendo, encontrei coisas minhas que estavam perdidas por tantas mudanças até aqui. Encontrei escritos, declarações, bilhetes e presentes. Lembrei de um amigo que me disse: "Sou brasileiro e já desisti faz tempo", e um outro que retrucou: "Se desistir, desisto também". Enfim, entre o anjo e o demônio, temos todos um pouco dos dois. Somos água e fogo; Contradição e medo, conto e desejo... Fica difícil definir e reduzir à palavras o que é ser. Importa mesmo é saber que existem por aí raras pessoas, que nadam contra uma maré inteira de tudo o que não queremos pra gente e pro mundo. Às vezes eu me esqueço dessa ponta de raridade que me compõe...

O último pôr do sol



Pedacinho do que vem no Festival de Inverno em Ouro Preto no fim de semana próximo.
Não quero ver o último pôr do sol tão cedo...

Times like these



Se fechar os olhos, vai aonde quiser ir...

Nada

Eu tive um professor na Psicologia que era meu guru. Não pelo que ele dizia: "Viemos do nada, vamos pro nada! Nasceu, tá fudido!". Não por isso, mas pelo que ele sabia. Aprendi mais com ele sobre a Psicanálise que meus professores todos juntos. E ele odiava a Psicanálise... mas sabia que eu não e bastava para querer me ensinar. Ele me disse uma vez que viver era como escalar o monte K2: uma dificuldade sem fim. Enfim, meu guru tinha razão em algumas coisas, não em todas. Viver é escalar um monte K2 por dia! Mas não foi isso que pensei em escrever nesse momento. Pensei no nada, o que ele disse que viemos e vamos. Se eu pensasse assim, e confesso já ter pensado, eu preferiria nascer e viver dois minutos só. Pra que ficar na peleja tanto tempo? A existência não pode ser apenas isto e o nada ainda assim me aflige. É que nos meus dias sempre acontece alguma coisa de diferente, de novo, inusitado. Aqui, nessa cidade não acontece nada e esse nada me irrita profundamente. Na verdade, enquanto escrevo, milhares de coisas acontecem em mim, no macro, no tudo. Estou tão sem lógica quanto o meu guru hoje.

Janela


Das coisas que eu acho bonitas na vida, as janelas sempre tiveram um lugar especial no meu imaginário. Desde pequena me fascinam cada uma com seu jeito. Quando morava em Governador Valadares, sempre escolhia a poltrona 27 do ônibus para viajar, tinha janela grande e larga pra ver o céu a noite enquanto as curvas perigosas ficavam pra trás. O lugar que eu morava lá foi escolhido por conta da janela da sala. A janela era tão grande que era porta! e dela, eu via o pico do Ibituruna e a lua cheia apontando na serra.
No Jequitinhonha, as janelas encantavam pela simplicidade e exclusividade de cada forma de madeira semi aberta, pintada à mão. As senhoras ficavam debruçadas sobre elas, vendo o tempo acontecer e as novidades aparecerem. Vez ou outra alguém acenava com alegria e convidada pra um café à beira do fogão a lenha.
Um sonho com uma janela foi o motivo da minha viagem para o exterior. Lá eu virava de costas para tudo de ruim que me acontecia e via numa janela grande um lugar verde, sereno e bem distante. Pra lá fui e encontrei várias janelas que me fizeram sorrir. Da casa do Gonçalo via parte da querida Lisboa acordar; do quarto da Roberta via pequenas bicicletas trançarem por Bologna; do sótão do Antonio encontrava canteiros de flores azuis e vermelhas pregados nas janelas suiças; da janela do Fabian via a torre Eiffel piscar todas suas luzes à meia noite; do quarto do Gláucio via uma Alemanha linda que sobreviveu bravamente às guerras e da casa do Fernando assisti as ruas de Londres com toda a sua loucura. Mas houve uma janela muito especial, que a imagem durava apenas segundos e me fazia pensar na finitude e plenitude de aproveitar cada segundo. Foi da janela do trem que me emocionei várias vezes. Vez ou outra, o trem silenciava tudo e uma sensação de paz extrema tocava todo o meu corpo. Lá fora, campos amarelos que passavam rápido e quando eu percebia que era amarelo de flores, elas já tinham ficado pra trás. Era primavera, e eu vi os girassóis, os tetos que amparavam a neve no inverno, os campos que brotavam vida pouco a pouco dos seis meses intensos de frio. Impressionante como tudo brotava rápido sob a fraca luz do sol. É realmente preciso muito pouca luz para renovar todas as coisas e agora entendo minha aflição em ter morado no apartamento que eu vivia aqui perto. As janelas davam para outras janelas ocupadas e eu não via nada, porque não me interesso pela vida alheia. Não gosto de olhar e ver um muro à minha frente. Gosto de ver longe... porque de tanto mirar as coisas distantes, acabo chegando até lá.