quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nada

Eu tive um professor na Psicologia que era meu guru. Não pelo que ele dizia: "Viemos do nada, vamos pro nada! Nasceu, tá fudido!". Não por isso, mas pelo que ele sabia. Aprendi mais com ele sobre a Psicanálise que meus professores todos juntos. E ele odiava a Psicanálise... mas sabia que eu não e bastava para querer me ensinar. Ele me disse uma vez que viver era como escalar o monte K2: uma dificuldade sem fim. Enfim, meu guru tinha razão em algumas coisas, não em todas. Viver é escalar um monte K2 por dia! Mas não foi isso que pensei em escrever nesse momento. Pensei no nada, o que ele disse que viemos e vamos. Se eu pensasse assim, e confesso já ter pensado, eu preferiria nascer e viver dois minutos só. Pra que ficar na peleja tanto tempo? A existência não pode ser apenas isto e o nada ainda assim me aflige. É que nos meus dias sempre acontece alguma coisa de diferente, de novo, inusitado. Aqui, nessa cidade não acontece nada e esse nada me irrita profundamente. Na verdade, enquanto escrevo, milhares de coisas acontecem em mim, no macro, no tudo. Estou tão sem lógica quanto o meu guru hoje.

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