sábado, 27 de setembro de 2008

Mãos

Ela me relatou e foi quase como se eu pudesse sentir o que dizia. Quando ele pegou nas mãos dela passou um filme futuro em sua mente. Juntos, companheiros, com um trabalho em comum e sonhos também, pra aqui perto e lá longe. Ainda que ela não quisesse abrir agora o seu coração, aconteceu. As grandes coisas não se planejam, aparecem como sopro de brisa que traz o recado e o leva de volta aos ouvidos do criador. Aquelas mãos juntas, por três segundos, foram tudo que ela precisava pra se reerguer. Tonteou de confusa e quentura que deu. Ela pensou no por quê das coisas serem sempre tão complicadas, e no por quê também dele não segurar mais forte e um pouco mais o que não era pra ter fim. Chego a ver a cena, um desconcerto cabreiro, manso e tímido por uma centelha acesa na alma. Mas existem as escolhas, que limitam os acontecimentos em metade por cento. A outra parte não diz o que sente e passa o tempo sem que outros momentos como aquele sejam restauradores do dia. Quando ela descreveu as mãos juntas, percebi que em muitos momentos da nossa vida as coisas ficam mais fáceis quando se tem mãos a quem contar. Nesse caso, ela queria também lábios aos quais beijar...

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