quinta-feira, 31 de julho de 2008

Atitude

Esses dias pensei em abandonar o blog. Bateu um medo de provocar nas pessoas sentimentos negativos com as minhas histórias. Isso junto com a dedicação do meu tempo à um projeto de um amigo, distanciou-me da escrita. Fui escrever e estava sem insiração pra contar um caso, relatar uma história ou opinar sobre qualquer coisa.

O que me fez mudar de idéia foi que em todos os dias, ainda que pareçam iguais, alguém me toca com alguma coisa dita, expressada ou recalcada. Se abrir os olhos sempre vai encontrar alguma coisa que te chame atenção. Foram duas coisas nesta semana que me despertaram vontade em escrever.

Uma foi uma criança da minha família que com uma cena, confirmou o que penso sobre as crianças: não são apenas infantes que não sabem das coisas, possuem julgamento próprio e são capazes de saber o que é certo e errado frente ao outro. Pois bem, Rafael - já comentado neste espaço - tem menos de dois anos e seus pais receberam em sua agenda escolar uma observação que ele mordeu um coleguinha da escolinha quando esse tentou tomar um brinquedo seu. Fizeram a intervenção correta. Quando Rafael chegou em casa e sua mãe foi ler o bilhete em voz alta, o garotinho começou a chorar, espernear e puxá-la para o quarto longe das pessoas que estavam na sala de casa. Expressou vergonha diante do bilhete e da acusação da violência com o amiguinho. A intervenção de minha tia foi bastante coerente e simples: Fazer isso com qualquer pessoa dói, não pode bater, nem morder, nem fazer o coleguinha chorar. Fiquei pensando que milhares de pais diriam o inverso: "Defenda-se mesmo! mordeu tem que morder também!" E diante dessa lucidez da minha tia, o pequeno foi se acalmando mas ainda não se sentia a vontade para encarar os demais que estavam na sala. Pergunto: culpa é uma coisa boa de sentir? em muitos casos sim, prova de não perversão em vários casos. Mas a questão aqui é outra: Desde cedo, as pessoas podem escolher entre o certo e o errado diante situações violentas. Sofremos com a moral sim, mas saber o que é certo e errado nem sempre é um castigo, é uma questão de posicionamento diante das coisas. Quando vejo violência e reproduzo violência, sou tão injusto quanto quem começou. E sobre a justiça, Ghandi deu pra mim o melhor exemplo: "Se cometes uma injustiça e eu me calo diante dela, então a injustiça também é minha". Ia comentar a segunda coisa, mas vou ficar por aqui mesmo. Essa já deu pano pra manga.

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