quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Força

O nome dela é Aline e tem onze anos. Fui encontrá-la pensando que talvez estivesse quietinha, indisposta. Fui surpreendida quando ela mesmo abriu a porta de casa com um grande sorriso. A garotinha descobriu há três meses que tinha um tumor no cérebro e agora estava de volta à sua casa depois da terceira cirurgia na cabeça. Por ser sobrinha de amigos da família, eu acompanhava o caso dela de longe, num momento em que eu também estava de cama. Cheguei a pensar nela no dia da minha biópsia. Se ela, tão criança, estava enfrentando uma cirurgia tão complexa porque eu temeria um exame desses? E ela me deu força sem saber. O nosso encontro foi de muito riso e brincadeira. Levei folhas grandes e giz de cera. Não imaginava que coisa tão simples fosse dar tanta alegria. Eu olhava pra ela, olhos grandes, claros, lindos. Cabelo fininho todo raspado começando a crescer de novo. O sorriso apagava a cicatriz imensa e os gestos faziam qualquer ar de doença ir embora. A mãe, estava irradiante com a cura da filha e não há no mundo satisfação melhor que esta. Num dia difícil, marcado por lembranças que insistem as vezes em me perturbar, encontrei um motivo a mais para deixá-las do tamanho de um grão. Com a Aline, vi que o tempo de questionar o porquê das coisas já passou. Não há explicações que valham a pena para um câncer numa garotinha de onze anos e muitas outras coisas. Mas nisso tudo há uma coisa que vale a pena sim ressaltar. A força que cada um de nós tem. Desconhecida e poderosa...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será lido com prazer. Muito obrigada!