quinta-feira, 31 de julho de 2008

Atitude

Esses dias pensei em abandonar o blog. Bateu um medo de provocar nas pessoas sentimentos negativos com as minhas histórias. Isso junto com a dedicação do meu tempo à um projeto de um amigo, distanciou-me da escrita. Fui escrever e estava sem insiração pra contar um caso, relatar uma história ou opinar sobre qualquer coisa.

O que me fez mudar de idéia foi que em todos os dias, ainda que pareçam iguais, alguém me toca com alguma coisa dita, expressada ou recalcada. Se abrir os olhos sempre vai encontrar alguma coisa que te chame atenção. Foram duas coisas nesta semana que me despertaram vontade em escrever.

Uma foi uma criança da minha família que com uma cena, confirmou o que penso sobre as crianças: não são apenas infantes que não sabem das coisas, possuem julgamento próprio e são capazes de saber o que é certo e errado frente ao outro. Pois bem, Rafael - já comentado neste espaço - tem menos de dois anos e seus pais receberam em sua agenda escolar uma observação que ele mordeu um coleguinha da escolinha quando esse tentou tomar um brinquedo seu. Fizeram a intervenção correta. Quando Rafael chegou em casa e sua mãe foi ler o bilhete em voz alta, o garotinho começou a chorar, espernear e puxá-la para o quarto longe das pessoas que estavam na sala de casa. Expressou vergonha diante do bilhete e da acusação da violência com o amiguinho. A intervenção de minha tia foi bastante coerente e simples: Fazer isso com qualquer pessoa dói, não pode bater, nem morder, nem fazer o coleguinha chorar. Fiquei pensando que milhares de pais diriam o inverso: "Defenda-se mesmo! mordeu tem que morder também!" E diante dessa lucidez da minha tia, o pequeno foi se acalmando mas ainda não se sentia a vontade para encarar os demais que estavam na sala. Pergunto: culpa é uma coisa boa de sentir? em muitos casos sim, prova de não perversão em vários casos. Mas a questão aqui é outra: Desde cedo, as pessoas podem escolher entre o certo e o errado diante situações violentas. Sofremos com a moral sim, mas saber o que é certo e errado nem sempre é um castigo, é uma questão de posicionamento diante das coisas. Quando vejo violência e reproduzo violência, sou tão injusto quanto quem começou. E sobre a justiça, Ghandi deu pra mim o melhor exemplo: "Se cometes uma injustiça e eu me calo diante dela, então a injustiça também é minha". Ia comentar a segunda coisa, mas vou ficar por aqui mesmo. Essa já deu pano pra manga.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Leitora fiel de tua história

Tenho um grande amigo do outro lado do oceano. Desses que quando tudo parece desmoronar te abraça e diz: vou lhe fazer um jantar, ouça esta música!

Nesses últimos meses acompanho sua dor proveniente de uma triste separação. Quando o ouço e leio o que escreve, meu desejo é de arrancar-lhe com as mãos todo esse sofrimento que têm lhe proporcionado constantes lutas diárias. Nunca consegui arrancar minhas próprias dores com as mãos, mas arrancaria as dele primeiro, se pudesse.

Estou muito cansada de todas essas histórias que não dão certo, apesar do desenvolvimento que todas elas trazem a cada um de nós que se arrisca. É que quem não se envolve, não se des-envolve, e para isso é preciso ter coragem. Mas cansa ...

Não é possível uma caixa preta para nossas memórias indesejáveis, meu querido amigo. Mas tem que ser possível uma resignificação de todas elas, uma saudade boa do que passou e o esquecimento do que feriu. A batalha é diária sim, num primeiro momento. Depois - de dias, meses ou anos - passa. Aí é hora de arriscar de novo, ou não...

Queria estar forte o suficiente para lhe dizer as melhores palavras. No momento, ofereço meu abraço separado por muita água e grande vontade de vê-lo bem. Também sou leitora fiel de tua história e espero ansiosamente a proximidade de dias melhores e de paz. Totalmente merecido...

Enxergar, ver e olhar.

(Escrito em Valadares, março de 2007)

As vezes tenho vontade incontrolável de ver além. Quem dera uma “espada justiceira com visão além do alcance”. Mas tranqüilidade me parece ser a visão do que nos é possível, exercício de paciência pra quem escuta além do alcance.

De tanto querer ver, encontro meu sossego na imagem congelada do outro que a minha máquina fotográfica captura. As minhas lentes são as conjuntivas do meu olhar, que pesca o outro que se faz em mim. Retrato o meu olhar, no outro.

Em Pedra Corrida, faço o exercício desse olhar. Num primeiro momento vejo, depois enxergo e por fim olho. Vêm à minha cabeça palavras de um texto do Freud: Necessidade, demanda e desejo. Tríade importante das nossas vidas. Faço analogia... Ver é uma necessidade fisiológica, coisa que nos permite captar o externo. Enxergar é um pouco mais que ver, é aquela visão de quem está procurando alguma coisa especifica no meio de tantas outras e por fim vem o olhar. Esse não é da ordem da fisiologia, não é da ordem da necessidade, nem da demanda de enxergar. O olhar é da ordem do desejo, particular e subjetivo de cada um. O olhar é seguido do que o nosso desejo desperta, em nós e no outro. E apesar de ter a necessidade de ver, e a demanda de enxergar, faço valer o meu olhar pelas lentes do meu desejo. É aquilo que só associado à palavra viva descreve o que ele diz. Palavra viva é aquela proferida da verdade de cada um.

De uma cadeira de Pedra Corrida vejo uma porta, enxergo um lugar e olho as pessoas. Vejo a menina que foi amassada por um carro, enxergo o pânico e olho a vontade dela em viver, amarrando os significantes que a compõe, tão pequena ainda. Ela me diz em uma brincadeira: "cuidado! Cuidado com o carro rápido na rua! Faz cicatriz na cabeça!" Essa mesma menina cai da bicicleta, vê o joelho ralado, ensaia um choro, vira para um lado, para o outro e olha pra ela mesma. Rapidamente, monta na bicicleta e sai andando com partes tortas, tremendo as mãozinhas no guidão. Eu vibro, silenciosamente no meu canto. Ainda que ela tenha medo, ela caminha... pequena guerreira, pequena e grande menina.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Volta ao mundo...

Danilo, um amigo, vai dar volta ao mundo de bicicleta. Fiquei tão empolgada que resolvi dar volta ao bairro pra sentir o drama. Caramba... empolguei e fui andando, andando... passei no banco em outro bairro e continuei andando...quando cheguei em casa, achei que ia colocar os pulmões pra fora. Fiquei pensando que tenho pressa em realizar as coisas. Ao invés de ir ali na padaria, começar com um singelo quilômetro, não! Vou logo querendo a estrada real. Mas tudo bem, vi que consigo apesar da dificuldade em respirar depois e amanhã inverto o processo: vou gradativamente até saber do meu limite. Não deu, paciência... hora de parar. Saber do próprio limite é importante, ainda que ir além tenha os seus encantos. Enfim, não deu pra avançar muito mas desconheço onde posso chegar se eu quiser ir.

For all 2

Maior desejo

Meu maior desejo: ser simples.

sábado, 26 de julho de 2008

Pedra Corrida



Este é o Emanuel, um garoto que por quase um ano foi a luz do meu dia em Pedra Corrida - Governador Valadares, um dos povoados que já trabalhei. Com esse sorriso ele vinha me contar do seu cotidiano, nada fácil. Brincava comigo e dava gargalhadas do meu "jeito de falar estranho". Eu poderia estar na tampa do stress num dia, mas quando ele chegava tudo ficava mais fácil. Emanuel queria me mostrar tudo: a escola dele, o pai, a mãe, o irmão pestinha, a pedra na rua, o carrinho velho, a bicicleta e o desenho novo. Cada mostra uma história que ele mesmo produzia fazendo qualquer coração de pedra balançar. Coração de Pedra. Coração de Pedra Corrida. Eu saí de lá, mas "lá" não saiu de mim ainda.

Coisa pouca

Uma das coisas que mais gostei quando eu viajei pra longe, foi uma coisa muito pequena que tem um efeito grande no planeta. Em todo supermercado que eu ia, não via aquela montoeira de sacolas de plásticos nos caixas. Cada pessoa levava a sua de casa mesmo. Uma atitude simples que no bolo total faz enorme diferença. Achei bonito e quero fazer isso aqui também. Não interessa que no supermercado tenha sacolas, posso levar a minha. Não custa nada e salva o mundo para o João Pedro crescer mais feliz.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fazer o quê?

Eu já sabia a resposta pra minha pergunta e ainda assim perguntei. Mania de querer saber das coisas... O ruim de ficar apaixonada é que o desconfiômetro fica desregulado. Mas sabe que apesar da tristeza, que nem sei o porquê de ser tanta, tudo fica melhor assim. Meu jeito é esse, fazer o quê? Eu tô achando que eu deveria era me apaixonar perdidamente por mim mesma, assim ia parar de achar que tudo que é bom pra mim, dura pouco...

Reencontro



Hoje aconteceu um reencontro fascinante pra mim. Uns amigos do segundo grau, depois de mais ou menos 12 anos... Ficava imaginando como estariam as pessoas e me dava um certo medo de saber o que viraram depois de termos vivido nossas revoluções da adolescência. Um medo inseguro, bobo, de quem está acostumado a ver o mundo virar de cabeça pra baixo todos os dias. E o que mais me fez feliz neste encontro é que reconheci nos meus velhos amigos, a essência de cada um que não mudou. Mudaram fisicamente, mas aquela coisa que temos dentro da gente que nos acompanha em nossas atitudes diárias com o mundo, não . Cada um, da sua forma, mudou foi o mundo e esse era o nosso maior desejo coletivo quando tínhamos 17 anos. Reencontramos depois de muitos anos e me imprecionou o abraço, que era o mesmo também. Minutos de afeto trocados e explosão de uma energia que ali foi possível encontrar . Não éramos conhecidos, éramos divisores de um ideal que nos fazia dar o sangue em troca de sede de justiça. E meu deus, o que mais tenho pedido aos céus nesses meses, é justiça. Encontrá-los foi portanto uma certeza pequenininha de que o que eu tenho correndo na veia é algo que corre na mesma intensidade na veia de alguém. Alguéns. Foi nostálgico e importante. Recordamos o jornal que escrevíamos juntos no colégio, as pequenas revoluções que fazíamos nas ruas, as mudanças que decretamos na escola e o universo que abrimos ao assumirmos uma postura diante as escolhas da nossa juventude. Fomos felizes demais por termos sido assim...
No meio do encontro, Byron propôs um pacto que encontrou num filme do Kurosawa: a cada dia 24 de julho nos encontraríamos de novo. Unanimidade de aceitação...
Entre cinema, música, bonecos, teatro, letras e canções, meu velhos amigos vivem a arte como parte da essência que descobrimos há anos atrás. A mesma que me fez arrepiar quando me deparei em cada período meu.
Sem mais palavras, o desfecho que faço não traduz a emoção que eu senti. Cada um de nós sabe o que (re)vivemos ali e percebi que a ótica da vida muda com a experiência sim mas, o que somos no íntimo, não. Um brinde então ao desejo de ter essa história bem longa ainda e a outros que foram agregados nela por uma constante renovação de sonhos adquiridos!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Amor banal e amor essencial

Admiro os poetas que falam sobre o amor. Eu não sei falar. É que o que sempre achei que fosse esse sentimento parece ser equivocado perto do que é fora de mim. Pra ser mais simples, o que todos falam que é amor eu não entendo.

Todos os dias vejo por aí o "eu te amo" nos sites de relacionamento, nas mensagens instantâneas e nas frases sacadas do nada por pessoas que já estiveram comigo. A impressão que tenho é que de três, uma: 1. Ou o significante AMOR é como a imagem que fazemos de uma árvore - e nesse sentido ela pode ser robusta, grande, pequena, seca, florida, etc - e portanto, particular de cada um; 2. Ou o Amor que eu acho que é amor não é amor e eu não sei nada sobre isso; 3. Ou o amor que sempre ouvi falar é um termo descompromissado e dito sem pensar.

Chega a dar aflição a falta de comprometimento com as palavras, porque foram elas que escolhi para serem o objeto do meu estudo profissional. Detesto a fala por falar e as palavras pra serem soltas ao vento sem o mínimo de implicação. E detesto mais ainda os que se omitem de falá-las por acharem que dessa maneira, estão comprometidos com as "verdades". O melhor "não falar nada", é pior do que "falar tudo" sem compromisso.

Organizemos as idéias, tem outro detalhe. Hoje o amor aparece pra mim da seguinte maneira: a pessoa te ama 100 por cento já de cara, e vamos desgastando esse percentual com o tempo. Devia ser o contrário, meu deus. Preferia que eu tivesse zero por cento e se um dia eu chegasse aos 80 já seria lucro.

Estou com antipatia dos que me amam rapidamente. Amam nada! Meu sentimento não tem valor de troca. Parem de me amar do nada, por favor... Deixem eu saber o que é isso de verdade. Imploro!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Valor

Tem hora que, se bobear, acabamos nos esquecendo o que somos. O tempo vai apagando umas coisas e quando percebemos já fomos engolidos pela falta que ficou. Virando e mexendo, encontrei coisas minhas que estavam perdidas por tantas mudanças até aqui. Encontrei escritos, declarações, bilhetes e presentes. Lembrei de um amigo que me disse: "Sou brasileiro e já desisti faz tempo", e um outro que retrucou: "Se desistir, desisto também". Enfim, entre o anjo e o demônio, temos todos um pouco dos dois. Somos água e fogo; Contradição e medo, conto e desejo... Fica difícil definir e reduzir à palavras o que é ser. Importa mesmo é saber que existem por aí raras pessoas, que nadam contra uma maré inteira de tudo o que não queremos pra gente e pro mundo. Às vezes eu me esqueço dessa ponta de raridade que me compõe...

O último pôr do sol



Pedacinho do que vem no Festival de Inverno em Ouro Preto no fim de semana próximo.
Não quero ver o último pôr do sol tão cedo...

Times like these



Se fechar os olhos, vai aonde quiser ir...

Nada

Eu tive um professor na Psicologia que era meu guru. Não pelo que ele dizia: "Viemos do nada, vamos pro nada! Nasceu, tá fudido!". Não por isso, mas pelo que ele sabia. Aprendi mais com ele sobre a Psicanálise que meus professores todos juntos. E ele odiava a Psicanálise... mas sabia que eu não e bastava para querer me ensinar. Ele me disse uma vez que viver era como escalar o monte K2: uma dificuldade sem fim. Enfim, meu guru tinha razão em algumas coisas, não em todas. Viver é escalar um monte K2 por dia! Mas não foi isso que pensei em escrever nesse momento. Pensei no nada, o que ele disse que viemos e vamos. Se eu pensasse assim, e confesso já ter pensado, eu preferiria nascer e viver dois minutos só. Pra que ficar na peleja tanto tempo? A existência não pode ser apenas isto e o nada ainda assim me aflige. É que nos meus dias sempre acontece alguma coisa de diferente, de novo, inusitado. Aqui, nessa cidade não acontece nada e esse nada me irrita profundamente. Na verdade, enquanto escrevo, milhares de coisas acontecem em mim, no macro, no tudo. Estou tão sem lógica quanto o meu guru hoje.

Janela


Das coisas que eu acho bonitas na vida, as janelas sempre tiveram um lugar especial no meu imaginário. Desde pequena me fascinam cada uma com seu jeito. Quando morava em Governador Valadares, sempre escolhia a poltrona 27 do ônibus para viajar, tinha janela grande e larga pra ver o céu a noite enquanto as curvas perigosas ficavam pra trás. O lugar que eu morava lá foi escolhido por conta da janela da sala. A janela era tão grande que era porta! e dela, eu via o pico do Ibituruna e a lua cheia apontando na serra.
No Jequitinhonha, as janelas encantavam pela simplicidade e exclusividade de cada forma de madeira semi aberta, pintada à mão. As senhoras ficavam debruçadas sobre elas, vendo o tempo acontecer e as novidades aparecerem. Vez ou outra alguém acenava com alegria e convidada pra um café à beira do fogão a lenha.
Um sonho com uma janela foi o motivo da minha viagem para o exterior. Lá eu virava de costas para tudo de ruim que me acontecia e via numa janela grande um lugar verde, sereno e bem distante. Pra lá fui e encontrei várias janelas que me fizeram sorrir. Da casa do Gonçalo via parte da querida Lisboa acordar; do quarto da Roberta via pequenas bicicletas trançarem por Bologna; do sótão do Antonio encontrava canteiros de flores azuis e vermelhas pregados nas janelas suiças; da janela do Fabian via a torre Eiffel piscar todas suas luzes à meia noite; do quarto do Gláucio via uma Alemanha linda que sobreviveu bravamente às guerras e da casa do Fernando assisti as ruas de Londres com toda a sua loucura. Mas houve uma janela muito especial, que a imagem durava apenas segundos e me fazia pensar na finitude e plenitude de aproveitar cada segundo. Foi da janela do trem que me emocionei várias vezes. Vez ou outra, o trem silenciava tudo e uma sensação de paz extrema tocava todo o meu corpo. Lá fora, campos amarelos que passavam rápido e quando eu percebia que era amarelo de flores, elas já tinham ficado pra trás. Era primavera, e eu vi os girassóis, os tetos que amparavam a neve no inverno, os campos que brotavam vida pouco a pouco dos seis meses intensos de frio. Impressionante como tudo brotava rápido sob a fraca luz do sol. É realmente preciso muito pouca luz para renovar todas as coisas e agora entendo minha aflição em ter morado no apartamento que eu vivia aqui perto. As janelas davam para outras janelas ocupadas e eu não via nada, porque não me interesso pela vida alheia. Não gosto de olhar e ver um muro à minha frente. Gosto de ver longe... porque de tanto mirar as coisas distantes, acabo chegando até lá.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Superação

Encontrei um vídeo num blog que acabou de começar. Com esse espetáculo, tem tudo pra dar certo. Chama-se Superação e é uma grande lição de vida. http://www.tudoevital.blogspot.com

Lava a jato

Fui lavar o carro naquele lava a jato de posto de gasolina. Por três minutos, só pensava na escova que ia e vinha. Meditação profunda e silêncio merecido. Dei um grito lá dentro e ninguém escutou. Lavei o carro e a alma...

domingo, 20 de julho de 2008

Domingo

" ... Faça um filho comigo, só não me deixe sentado na poltrona num dia de domingo" O Rappa

Mato

Preciso do mato de tempos em tempos. Consigo ficar sem não. Não sei de onde vem isso, mas a nostalgia do campo e a tranquilidade de uma água perto equilibra meu corpo e espírito. Já morei em beira de rio e agora queria uma beira de mar pra escutar mais aquele barulhinho bom. Na falta de água abundante, procuro um canto sossegado pra ver o verde pastar. Foi assim que dormi ontem, sob linda lua cheia, aguardando ansiosamente o dia amanhecer claro e devagar. Aquele som de natureza que acaba de acordar com raio de sol na janela despertando aquela preguiça boa. De presente, ganhei uma lambida de um pastor alemão que foi do ombro à orelha. Acabou até com a minha carência.

sábado, 19 de julho de 2008

1/2 ano de vida

Nesta semana comemoramos 1/2 ano de vida do João Pedro. Acontece muita coisa na vida da gente em seis meses, mas na dele aconteceram descobertas que são fascinantes de acompanhar. Como pode aprender tanto em tão pouco tempo? Imagino o quanto é difícil aprender a engolir o alimento enquanto só se sabe sugar. E agora, aos seis meses, ele vira atento o rostinho quando chamamos por seu nome, passa os olhinhos por cada pessoa que ele encontra no caminho numa investigação profunda e curiosa. Franze a testa e arrisca um choro ou uma gargalhada dependendo quem for. Se olhá-lo por alguns minutos, vai ver que ele às vezes leva a boca ao objeto e não o contrário. Desejo de sugar o mundo, de experimentar tudo pra ver o gosto, forma e sensação. Por mim, faria um mundo melhor pra ele sugar. Tento aos poucos, todos os dias.

Realejo



" Os opostos se distraem, os dispostos se atraem" Teatro Mágico.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Intensa a mente

Meu pior defeito é viver como se a semana que vem não fosse existir. É ter pressa por momentos bons e planejar pouco a longo prazo. Tem gente que acha que é imortal, eu não. A cada dia estamos mais perto do fim que do começo e isso me deixa com gana de viver intensamente. Meu grande defeito é viver com pressa, mas veja bem: pressa não é correria. Tenho pressa por andar no mato, mas não tenho pressa quando estou no mato. Sou rápida e tranquila ao mesmo tempo. Paradoxo eterno de um vulcão que brota em serra distante e serena. Pra mim, a vida é mais simples do que ouço por aí. Pode ser que vivo no equívoco de um tempo que não seja o meu... Por exemplo: posso planejar anos de um trabalho, mas a minha vida não. É que se eu me for, o trabalho continua. Um não depende do outro para existir e todos somos substituíveis nesse ponto. Quem acha que não, é demasiadamente prepotente. O que é insubstituível é minha vida, minhas histórias e meus dias. O desejo que eu sinto hoje e a espera que não tem fim são insubstituíveis também. Pensei que quando eu crescesse ia me prender mais ao que deveríamos ser. Minha felicidade é exatamente ser desprendida disso e de no meio de um tempo em que tudo precisa ser decidido, parar, escutar o vento soprando e olhar pro nada num foco distorcido de plenitude. Tenho pressa de viver e de quem queira viver comigo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Gente

A gente acha que sabe da gente mas a gente não sabe nada da gente. A "gente" é muita gente e agente de saúde no Brasil tá ferrado.

Menino

Ele tomava conta da cena, seu brilho era diferente dos outros. Canelinha fina, cabelo crespo, costela aparecendo no movimento perfeito. Fiquei pensando que o seu destino poderia ser outro não fosse a dança. Aviãozinho na certa. Mas não, houve milagre ali. A dança o resgatou e aposto todas as fichas que ele saberá escolher o que lhe será melhor. Sem conhecê-lo torço muito por isso. Desejo que outros tenham também seus pequenos milagres no dia e agarrem a oportunidade quando ela chegar pertinho. Às vezes a cegueira não nos deixa enxergar nada.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Vez e voz

Noite dessas sonhei que tomei um tiro na garganta. Segurava pra estancar o meu sangue e de repente resolvi tirar a bala como se fosse cabelo encravado. Tirei e acabou o buraco, o tiro, o matar. Ninguém se atreva a calar a minha voz, nem sonhando!

Comunhão

Quando criança minha mãe me levava na Igreja e eu morria de vontade de entrar na fila para pegar aquela coisa branca que davam ao final da missa. Não entendia porque só os adultos e algumas poucas crianças poderiam comer. Minha cabeça entrou em parafuso, se se chamava comunhão então porque não eram todos que compartilhariam o alimento? A justificativa que me foi dada convenceu alguns minutos mas não por todos os dias. Eu teria que fazer primeira comunhão. E primeira comunhão não era ir lá a primeira vez e comer, era um curso que eu deveria ir todo domingo para fazer então a primeira comunhão. Pra fazer a segunda também terei que fazer um curso? Não. Depois da primeira poderá fazer todas as outras se confessar de tempos em tempos. Era muito complicado tudo isso. Um curso para a primeira comunhão e depois não saberia se poderia ir novamente. Mas e se eu não gostasse? Não precisaria ir novamente. E se eu gostasse muito? Confessar era uma coisa que me incomodava. Sim com sete anos me incomodava e nunca deixou de incomodar. Por que teria que dizer a alguém o que eu penso de errado? Não entendia o que eu poderia ter que pedir desculpas por alguma coisa para alguém que eu não teria feito a coisa. Se desobedecesse minha mãe não teria que pedir desculpas a ela ao invés de um homem com uma túnica? Mas o que eu queria era ir à Missa e saber o gosto que tinha aquela rodinha branca. Ouvi dizer que era o Corpo de Cristo e me assustei. Muito. Queria mais ainda, apesar de assustada. Depois que as pessoas colocavam na boca a rodinha branca, ajoelhavam-se. Eu achava lindo. Acho bonito alguns rituais até hoje. Gosto dos símbolos das coisas. Queria muito saber como era o gosto do corpo de Cristo. Perguntava o que teria que dizer na hora que recebesse. “Quando fizer primeira comunhão saberá”. Os adultos complicavam demais as coisas. Eu só queria saber o gosto, como sempre quero saber, experimentar. Entrei no curso. Não poderia continuar porque não tinha idade ainda. Não entendia absolutamente nada. Tinha que ter idade para compartilhar Cristo e para saber do gosto. Era a melhor aluna do curso. Mais aplicada porque queria muito colocar na boca a rodinha branca. Entrar na fila, saber como era a resposta e a sensação de ajoelhar depois. Curiosidade em saber o que iria acontecer. Mesmo aplicada, ia demorar um pouco para fazer a primeira comunhão. Acontecia apenas uma vez ao ano. Não podia esperar. Tinha pressa. Foi então quando em cumplicidade com uma prima de segundo grau que eu sempre ia para a casa dela nos finais de semana que resolvi da minha maneira a questão. Hoje bem sei que as brincadeiras de criança são muito sérias e importantes em um tratamento analítico. É na brincadeira que a criança elabora seus conflitos e foi na brincadeira que resolvi o meu. Comprei um pacote de fandangos. Um chips de milho que tem uma forma que cabe direitinho na língua e tinha um gosto delicioso, salgadinho. Eu e minha prima compramos o fandangos e brincamos de corpo de Cristo. Ela era o padre e me dava a hóstia, de fandangos. Eu dizia obrigada mesmo porque a resposta ainda não conhecia. Depois ajoelhava e falava com Deus, do meu jeito. Foi a minha primeira comunhão.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Parte uma da outra


Fuçando e mexendo arquivos antigos encontrei esta foto que me deixou estática e feliz. Agradeci ao universo por estar com uma máquina fotográfica ali, naquele dia, naquela hora. Bisavó, avó querida, mamãe e eu. Quatro gerações de mulheres que acumulam parte uma da outra, fortaleza e sabedoria. O equilíbrio é isto: duas no céu e duas na terra cumprindo missão e seguindo caminho. Lembro das gargalhadas de uma, do sorriso emocionado de outra, das mãos de todas elas juntas. Felicidade é poder aproveitar de um colo tão bom enquanto se pode, enquanto o destino não te prega peças que são contra o seu desejo. O olhar que tenho hoje é que meu reforço espiritual está duplamente fortalecido, por duas guerreiras que souberam ser mães, pais, mulheres, filhas e acima de tudo souberam amar e ensinar o que vem a ser o amor. Os que compreenderam são igualmente felizes neste momento. Meu sangue pulsa o que elas foram e são, em cada traço meu.

Extinção


Quase tudo nesta foto foi extinto. O caminho está sob metros e metros d'água, não existe mais e o carro eu bati num poste e também não existe mais. Restou eu, com as lembranças de um tempo difícil e feliz. Tempo de viver e principalmente sobreviver. Cada manhã um desafio físico e inesperado, dias que não tinham como ser iguais. Cansada, recebia de presente um crepúsculo e o laranja do céu que estrelava mais tarde. Mirava até onde a água chegaria um dia e pensava somente em dormir. No silêncio ouvia bichos indecifráveis, criaturas desconhecidas que vinham abrigar na luz da minha choupana. Aceitava dividir o espaço, afinal de contas eu havia invadido o espaço que era deles. Não consigo entender a saudade que eu sinto de toda aquela dificuldade, daquele lugar perdido e distante. Um tempo de extrema solidão e companhia de mim mesma, mas que me surpreendia pelo modo de vida simples e desengonçado de toda aquela gente que também sobreviveu à água e paradoxalmente à falta dela. Seca, terra rachada, pés descalços e poeira nos joelhos. O céu estrelado me bastava para querer ver um outro dia nascer.

Viagem

Minha irmã é Turismóloga e eu Psicanalista. Aqui em casa todo mundo viaja...

Mudança

Foram tantas que já perdi as contas. Lembro de uma em que eu tinha apenas duas mochilas de coisas empoeiradas pelo povoado de Igicatú; Outra, a cada coisa tirada do lugar parecia que havia uma coisa tirada de dentro de mim. Em cada mudança procuro deixar pra trás o que já era e seguir descobrindo o novo lugar. Mudar é característica exclusiva de ser humano e fico a pensar que a principal mudança não é a de um lugar para outro, mas dentro aqui do que eu sou. É certo que o espaço influencia na qualidade de vida das pessoas, mas cada vez mais procuro cuidar de um espaço que ainda não é totalmente conhecido e vivenciado. Custa muito explorá-lo, organizar as coisas dentro, torná-lo harmônico. Mas olha, não há mudança melhor que aquela que nos deixa livres e mudados por dentro...

domingo, 13 de julho de 2008

Meu avô - parte 2

Meu avô sempre perde as chaves de casa, tive a quem puxar. Ontem procurou por toda parte e nada. Fizemos então um pedido a "São Longuinho" que é o santo protetor dos esquecidos de todas as coisas. No final achamos as chaves fazendo o trajeto mental de onde o "seu Maia" havia passado e eu vi uma cena que não quero esquecer: meu avô deu três pulinhos e começou a rir, feito criança. Pulamos juntos e mais uma vez encontrei felicidade.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Livre

Essa semana conheci um projeto que se chama HOMEM LIVRE(www.homemlivre.com).É um projeto que junta volta ao mundo, crianças felizes, natureza e liberdade. Essa última é a palavra que melhor define o desejo humano. Quem não quer ser livre? E o que me encanta na liberdade é que ela é extremamente ligada ao conceito de responsabilidade, portanto não é para todos. Há os que preferem a libertinagem. Se eu pintasse essa conquista diária, seria um quadro que retratasse o pôr do sol com rajados de vento. Ainda não consigo pintar o vento mas quando sinto, sei exatamente o que me acontece: Vontade, de vida...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

" O pulso ainda pulsa"

Não adianta fugir, o que move e borbulha o sangue no meu corpo é o prazer que tenho por projetos sociais. Hoje me vi debruçada sobre um e posso escutar o coração pulsar acelerado no meu pescoço. Penso nas tantas pessoas que têm esse desejo cravado nelas, e que movimentam mundos e fundos para ajudar o outro. Não precisa ser psicólogo social pra isso, nem antropólogo, jornalista, médico ou padre. Basta ser gente. Como disse Jung e jamais me esqueci: "De forma que qualquer um que queira conhecer a psique humana seria melhor aconselhado a dizer adeus aos seus estudos e a perambular pelo mundo com um coração humano. Lá, nos horrores botecos suburbanos, em bordéis e inferninhos do jogo, nos salões dos elegantes, nas bolsas de valores, encontros socialistas, igrejas, encontros religiosos e seitas extáticas, através do amor e do ódio, através da experiência da paixão em todas as formas e em seu próprio corpo, ele colheria reservas mais ricas de conhecimento do que grossos manuais lhe poderiam dar, e saberia, então, como tratar doenças com um conhecimento real da alma humana."

Tocando em frente



Composição: Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

João Pedro - soninho

Dormi com o João Pedro esta noite e vez ou outra ele deixava o bico cair e resmungava. Colocava a chupeta novamente ,junto com a fraldinha no rosto que ele adora, e a sensação era a de que eu lhe dava a melhor torta de chocolate do mundo!Ficava velando seu soninho bom descobrindo a serenidade em forma humana. Já tenho saudade de ver isto quando ele crescer...

Com incidências

Acredito que daria um livro se eu for contar todas as coincidências que me acontecem. Houve época que questionei se isso realmente existia ou se as coisas pareciam sempre arranjadas pelo universo que nos faz de marionetes. Ontem novamente adormeci rindo das coisas que me acontecem e fiquei muito feliz em poder rir de tudo, finalmente. É que algumas marcas são doloridas e é comum acreditarmos que isso dura para sempre. Hoje digo com todas as letras: NÃO DURA E PASSA! Pessoas que um dia nos foram importantes, passam a ser insignificantes em nossa história como se não fossem mais parte dela e as coincidências, nesse sentido, são oportunidades que aparecem para nos dar certa garantia. Acordei assim, com sentimento de gratidão. Parece estranho agradecer ao universo, a Deus e todas as coisas por desgraças que nos aconteceram. Mas estranho mesmo, é você estar em um restaurante muito aconchegante, à luz de velas e na mesa ao lado uma mulher (que não consigo descrevê-la tamanha sua esquisitice) tirar da bolsa um aparelho de som e ligar , no último volume, uma música do pagode de Alexandre Pires. Tenho mesmo que ser grata a tudo que me acontece, porque tem coisa que só acontece mesmo, comigo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Inconsciente

Já me perguntaram onde é que fica o aparelho psíquico. Seria fácil se pudéssemos encontrá-lo como se acha por exemplo o aparelho circulatório. Assim, operaríamos as nossas decepções e nossos traumas e depois de sete dias de remédio, tudo voltaria como antes. Infelizmente (ou não)o aparelho psíquico é o único que é preso à alma e esta também não tem como operar. Esse aparelho, é o único que não existe igual no mercado, é só meu e só seu e tudo que há nele é o que você sempre foi e é. Costumo chamá-lo de iceberg porque é essa a imagem que faço dele. Grande parte encoberta sob o oceano gelado e pequeno fragmento de ponta cortante consciente. Lá em baixo das águas, fica o nosso inconsciente com todos os nossos desejos incrivelmente envelopados por realidade que criamos e vivemos para dar conta de não deixar que esse real venha à tona e nos desoriente. Aos poucos, o desejo vem a fios, e já é o suficiente para nos atormentar nos sonhos enquanto dormimos. Outros vêm bombasticamente no corpo, e por não escutá-los nos dominam como se eles fossem o que nos domina e não o contrário.Como parte sua te domina mais que você a ela? Assim me questiono se somos mais inconsciênca. É mais ou menos louco como um pensamento que tive outro dia sobre o dinheiro: Como algo que nós criamos nos domina mais que nós a ele? Se invento uma coisa, essa coisa deveria ser menos que eu e eu deveria ter o controle dela. No entanto, somos escravos do que criamos para teoricamente facilitar a vida. Isso é totalmente louco para mim. Bom, comecei a falar de loucura e acho que é melhor parar por aqui. O que eu não entendo é o motivo desse inconsciente ficar me "atazanando" enquanto durmo. Isso cansa mais que ficar acordada. Elabora logo ô coisa.

For all

Ontem descoberta coletiva do que se aproxima ser felicidade. Os detalhes não falariam com descrição o momento relembrado. Deixo portanto, uma música que marca essa pequena história e o desejo de novos encontros como aqueles. Como disse o mais famoso bailarino russo: "Que seja perdido o dia em que não se dançou por uma única vez"...

sábado, 5 de julho de 2008

Movimento




Hoje fui à quadrilha do meu afilhado e priminha. Na mesma escola, a mesma cena me chamou atenção pelo segundo ano consecutivo: uma garotinha dançava na cadeira de rodas. No ano passado tive vontade de falar com a diretora da escola que a dança era linda, mas que seria mais ainda se a garotinha tivesse seus movimentos mais explorados e dançasse com um coleguinha ao invés da professora dela. Se eu tivesse falado isso no ano passado, neste poderia ter sido diferente. Enfim, cheguei em casa e fui rever umas coisas sobre inclusão social e acabei encontrando uma cia de dança de BH (que eu gosto muito) que se chama Crepúsculo. São sete pessoas com necessidades especiais (paralisia cerebral e outras) e três bailarinas que compõem o grupo. A primeira vez que vi, chorei muito de emoção pela qualidade da dança, da música e do movimento.
Hoje pensei nas tantas deficiências que encontro por aí: falta de caráter, desonestidade consigo e com os outros, mediocridade e covardia. Pensei em minhas próprias deficiências, na ignorância, impaciência e intolerância.
Acima, fotos do crepúsculo cia de dança de Belo Horizonte, que me desperta o desejo de ir além.

Trocadilho

Só eu mesmo,

mesmo eu Só

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Diariamente

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Existem coisas que ainda que as repita em outro tempo, não fazem o mesmo sentido. Mas há sempre a possibilidade de relembrar de um jeito diferente a lembrança boa do que passou. Ainda que não volte, chega um momento que esse traço deixa de ser dor e vira saudade, que pode doer ou não. "Diariamente" retratava meus dias num lugar que tinha paixão e amor misturados. Lugar que quando pisava na terra, acontecia tudo que era magia dentro de mim. Encontro com a virtude mais difícil de encontrarmos, segundo os filósofos: A Simplicidade. Hoje encontrei perdido nas minhas coisas um cartão que eu mesma comprei pra mim escrito " Sejam simples", e nele uma formiga com uma palha na boca e uma minhoca com chapéu de campo. Nasci na cidade grande, mas a primeira vez que pisei nesse lugar, que encontrei pessoas que não se importavam com a roupa que eu estaria usando e nem se eu tinha cara ou não de psicóloga, me encontrei, de certa maneira. "Diariamente" retrata isso e muito mais. Fala de momentos inesquecíveis, simples, como tomar banhos deixando a água se misturar com os sonhos. Escrevo agora e relembro com uma vontadezinha de chorar, mas em pouco tempo isso vai ser motivo de rir ao lembrar de uma parte da minha vida que se foi por motivo compulsório, não por escolha minha. Se há agora um desejo realmente verdadeiro em mim, é o de que eu possa não me petrificar com tudo que me aconteceu e continuar reconhecendo o valor da simplicidade nas coisas e pessoas. Diariamente...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

The call


Meu tio Fábio me mandou esse vídeo hoje dizendo que se lembra de mim quando ouve essa música, sem saber muito do motivo. Eu gostei da lembrança e da música também.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sintra-se em casa!


Essa é Sintra, uma cidade muito aconchegante de Portugal. Lá vi as vilas históricas que procurava e comi dos mais gostosos doces lusitanos. O clima deste lugar é diferente dos outros, lembra o cheiro bom da nossa mata atlântica. Sintra-se em casa também. Expie na janela à vontade, e mire o céu. Foi assim que cheguei até lá.

Relembrar

Hoje fui à uma missa de formatura. Revivi o meu momento, há cinco anos atrás. Lembrei do sabor da conquista, da felicidade por ter conseguido até alí, do choro dos meus pais, dos abraços recebidos, da promessa de fazer um País mais justo com o que aprendi e principalmente do desejo de resgatar as pessoas dos seus próprios fantasmas para o conhecimento dos seus próprios desejos.
Acho a minha profissão uma das mais bonitas do mundo. Primeiro porque não foi fácil esquecer tudo que aprendi na vida para compreender a lógica da mente; Segundo que poder ajudar alguém a ter outro olhar sobre o seu olhar das coisas, é satisfação infinita.
Depois de cinco anos, vi que não deixei de lado o que aprendi nem na faculdade, nem na vida. Esse equilíbrio me faz ter os pés no chão e ao mesmo tempo desgrudá-los desse lugar quando tudo está numa realidade real por demais. O meu voar é escrever. Na escrita posso ser tudo, até Psicóloga de mim mesma.

Prazer


Andar sozinha tem seus prazeres, este é um deles: um bom capuccino sob um vento de primavera num fim de tarde em Berlim. Esse ficará guardado para sempre, sobretudo pelo que me aconteceu neste minuto. Na Alemanha é comum pegarmos uma "carona" da capital para outras cidades. No caso iria à Jena, uma cidade universitária que o meu amigo desde o segundo grau mora. Teria que falar ao telefone com uma alemã sobre o lugar que ela me pegaria para irmos juntas à tal cidade. Ela falava tudo, menos inglês e português. Então ao telefone ainda, respirei fundo e pedi uns vinte minutos de pausa para eu tomar um café para depois pensar em como iríamos nos entender. Pois bem, a primeira cafeteria que eu vi, sentei. Lugar agradabilíssimo por sinal. O garçom veio, cumprimentou e uma vez que viu em minha blusa o nome Itália curiosamente (lá não é costume falar o desnecessário com as pessoas)perguntou: "Itália?". Eu: Não! Brasil! E ele: Ohhhh, eu sou bahiano! E nesse segundo mesmo gritei: Deus existe! Viva o Pelourinho! e rimos... o Garçom bahiano, primeira pessoa que conversei em Berlim, me orientou sobre o que dizer para minha "carona alemã" e fiquei, ali mesma, a escrever e a pensar sobre quem me dera se todas as vezes que eu estivesse aflita eu sentasse para tomar um café por aí... As soluções muitas vezes são mais simples do que esperamos.