segunda-feira, 16 de junho de 2008

Detalhe

No canto do quadro uma cena que ninguém percebe. Muito semelhante às nossas vidas. O surpreendente disso é que eu pude ter a certeza por alguns instantes que realmente é possível não enxergar mesmo que a coisa esteja ali estampada na sua frente, gritando como virgem desvirginada. Naquela época deveriam ter viseiras aos olhos como a de certos animais até hoje. Pior que viseira, algo pregado no olho que distorce o olhar para o que se quer ver e ninguém quer ver o insuportável. Estava ali no quadro, o homossexualismo, a critica ao deus inventado, o homem desfalecido de seu poder fálico e absoluto. Estava tudo ali, não enxergado e colocado nos altares das igrejas mais ortodoxas e sérias da época. O gênio não o era por ter pintado sem tintas, mas por ter exposto algo que só o olhar de alguns poderia ver. Mais uma vez a diferença sublime entre o ver, enxergar e olhar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será lido com prazer. Muito obrigada!